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Justiça determina novo teste do Contracep, diz fabricante
EMS Sigma Pharma diz que obteve liminar para que anticoncepcional volte a ser avaliado
Em nota, empresa critica laudo do Adolpho Lutz; Secretaria de Estado da Saúde negou que tenha havido erro na análise
JULIANA COISSI
DA FOLHA RIBEIRÃO
A EMS Sigma Pharma, fabricante do anticoncepcional
Contracep, que foi interditado,
afirmou em nota que obteve liminar na Justiça para que o
INCQS (Instituto Nacional de
Controle de Qualidade em Saúde) da Fundação Oswaldo
Cruz, subordinado ao Ministério da Saúde, faça uma nova
avaliação do medicamento.
A nota da EMS afirma que a
decisão foi concedida pela 11ª
Vara da Fazenda Pública do Estado de São Paulo.
A venda do produto foi suspensa no último dia 9 pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). A interdição
ocorreu depois que exames feitos pelo Adolpho Lutz concluíram que três lotes do Contracep continham quantidade de
hormônio até 25% inferior do
que a prevista. Como prevenção, a venda de qualquer unidade de Contracep está suspensa
até o próximo dia 12.
Na nota, a empresa criticou o
laudo apresentado pelo Adolpho Lutz, afirmando que "outros laboratórios autorizados
pela Anvisa analisaram lotes do
Contracep" e não detectaram
problemas. A EMS também
não informou o nome desses laboratórios.
O Ministério da Saúde, via assessoria de imprensa, disse que,
se houver solicitação da Anvisa,
o INCQS poderá fazer uma nova avaliação do medicamento.
Uma auditoria feita pela Anvisa apontou problemas no laboratório da EMS em quase todas as fases de fabricação do
medicamento.
Ontem, segundo o secretário
da Saúde de Ribeirão Preto, Oswaldo Cruz Franco, a EMS
questionou a forma como o
Adolpho Lutz analisou os lotes
recolhidos. Franco disse ter recebido pela manhã uma ligação
do diretor comercial da empresa, Luiz Carlos Borgonovi.
O representante do laboratório teria dito ao secretário que o
Adolpho Lutz não fez a avaliação adequada. "Ele disse que os
5 milhões de doses já vendidas
do Contracep nunca deram
problema e que está pedindo
uma nova avaliação do Lutz",
afirmou Franco.
O secretário foi procurado,
segundo ele, para dar informações sobre a jovem que engravidou em Ribeirão. Isabel de Lima Rodrigues, 19, confirmou
com um ultra-som que está
grávida de três meses, mesmo
depois de ter tomado duas doses do contraceptivo, em junho
e em setembro. A EMS não quis
comentar a conversa entre o diretor e o secretário de Ribeirão.
A Secretaria de Estado da
Saúde negou que tenha havido
erro na análise do Adolpho
Lutz. Segundo a assessoria de
imprensa, o instituto baseia-se
nas normas do INCQS, que determina que, em casos de produtos farmacêuticos em que a
falha é detectada a olho nu, não
é necessário o teste triplicado.
De acordo com a assessoria,
foi o caso do Contracep, porque
as amostras estavam com aspecto gelatinoso (quando deveriam ser líquidas). O instituto
analisou 95 amostras de um lote, 109 de outro e 70 do terceiro.
Após a interdição decretada pela Anvisa, 27 mil amostras na
rede pública foram recolhidas.
Fraude
Ontem, o ministro da Saúde,
José Gomes Temporão, disse
que "a questão do anticoncepcional é um problema de fraude, uma questão grosseira, de
vigilância sanitária". Questionado sobre a possível ampliação ou suspensão do registro do
medicamento, Temporão disse
que essa decisão cabe à Anvisa.
O governador José Serra
(PSDB) afirmou que "a empresa deve ser punida" e que "vai
dar toda a assessoria jurídica"
às mulheres que engravidaram
usando o medicamento.
A Anvisa disse, via assessoria,
que só vai se pronunciar depois
que concluir suas investigações
sobre o laboratório visitado e os
produtos recolhidos.
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