|
Texto Anterior | Índice
Jorge Migita, um perito em tragédias
WILLIAN VIEIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Ele passou dias a fio debruçado sobre os papéis, refazendo equações e quebrando
a cabeça -queria entender
uma das maiores tragédias
recentes de São Paulo, a cratera do Metrô, em Pinheiros.
Não que Jorge Petersen
Migita fosse sentimental.
Mas não poderia resistir a
uma questão lógica -e havia
uma resposta para o incidente que matara sete pessoas
no início do ano. Que o perito
do Instituto de Criminalística não chegaria a conhecer.
Sempre adorara matemática. Ainda pequeno brincava
com o soroban, ábaco japonês trazido pelo avô -que
era veterinário do imperador
do Japão e comprava cavalos
imperiais nos EUA quando
estourou a Segunda Guerra
Mundial. Acabou no Brasil. O
pai, americano, foi trabalhar
na Ford no interior paulista.
E o Migita da terceira geração acabou nascendo em Lorena (SP). Engenheiro formado, abriu uma construtora que não rendeu e foi então
contratado pela Constran,
onde ficou por 30 anos.
Mas sua paixão era o IC
-era sua a assinatura nas 21
folhas do laudo do IC que
culpou a CPTM pelo acidente que matou nove pessoas e
feriu mais de cem em 2000.
Em que ironizava o secretário de Transportes, que culpara o maquinista -Migita
dizia ser inconcebível "imaginar o maquinista procurando nas cercanias da via
férrea uma pedra para calçar
a composição".
Tinha três filhos. Morreu
de parada cardíaca, aos 56
anos, em São Paulo.
Texto Anterior: Mortes Índice
|