São Paulo, sexta-feira, 30 de novembro de 2007

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Jorge Migita, um perito em tragédias

WILLIAN VIEIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Ele passou dias a fio debruçado sobre os papéis, refazendo equações e quebrando a cabeça -queria entender uma das maiores tragédias recentes de São Paulo, a cratera do Metrô, em Pinheiros.
Não que Jorge Petersen Migita fosse sentimental. Mas não poderia resistir a uma questão lógica -e havia uma resposta para o incidente que matara sete pessoas no início do ano. Que o perito do Instituto de Criminalística não chegaria a conhecer.
Sempre adorara matemática. Ainda pequeno brincava com o soroban, ábaco japonês trazido pelo avô -que era veterinário do imperador do Japão e comprava cavalos imperiais nos EUA quando estourou a Segunda Guerra Mundial. Acabou no Brasil. O pai, americano, foi trabalhar na Ford no interior paulista.
E o Migita da terceira geração acabou nascendo em Lorena (SP). Engenheiro formado, abriu uma construtora que não rendeu e foi então contratado pela Constran, onde ficou por 30 anos.
Mas sua paixão era o IC -era sua a assinatura nas 21 folhas do laudo do IC que culpou a CPTM pelo acidente que matou nove pessoas e feriu mais de cem em 2000. Em que ironizava o secretário de Transportes, que culpara o maquinista -Migita dizia ser inconcebível "imaginar o maquinista procurando nas cercanias da via férrea uma pedra para calçar a composição".
Tinha três filhos. Morreu de parada cardíaca, aos 56 anos, em São Paulo.


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