ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL

Lá em Santana, na zona norte da capital, um dos comerciantes mais antigos do bairro foi o filho de imigrantes sírios Doroam Abrahão, pouco conhecido, no fundo, por seu nome de batismo.
Muitos chamavam-no pelo aportuguesado Dário; outros, por seu Jorge, devido ao São Jorge que dava nome ao seu bazar na rua Voluntários da Pátria. A loja era tão tradicional, que chegou a vender enxoval para três gerações de uma mesma família.
Foi no fim da década de 1930 que ele se tornou um dos dez primeiros lojistas da rua. Primeiro, tomou conta do nº 2166. Anos depois, mudou de lado e se instalou num ponto melhor, no nº 2093.
Fazia diferença a mudança: cada lado da Voluntários formava um time de futebol. O ímpar enfrentava o par. Abrahão era bom de bola.
Jogou no juvenil do Corinthians e no Fluminense de Santana. Torcia pela Portuguesa. Aos 42, teve de maneirar no futebol. Em 1991, vendeu o bazar. Morreu quarta, aos 95, em decorrência de um câncer.
Teve três filhos, nove netos e uma bisneta. A missa de sétimo dia será amanhã, às 19h30, na igreja Nossa Senhora da Salete, em SP.

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