São Paulo, terça-feira, 30 de novembro de 2010

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Polícia suspeita que bandidos fugiram pela rede de esgoto

Principais chefes do tráfico estão foragidos; Bope apura se fuga ocorreu pela tubulação

Apesar da ocupação militar no local, funcionários da Light temem entrar em favela por medo de traficantes

DO RIO

Os principais chefes do tráfico no Complexo do Alemão e na Vila Cruzeiro seguem foragidos após as operações de retomada das comunidades pela polícia do Rio de Janeiro. Luciano Martiniano da Silva, o Pezão, que chefiava o Comando Vermelho no Complexo do Alemão, e Fabiano Atanázio da Silva, o FB, comandante do tráfico na Vila Cruzeiro, têm paradeiro desconhecido.
Também está foragido o chefe do Comando Vermelho fora da cadeia, Alexander Mendes da Silva, o Polegar, que, segundo informações da inteligência policial, estava no Alemão.
O Bope investiga denúncias de que bandidos teriam fugido do complexo por meio de galerias de esgoto.
O comandante do Bope, tenente-coronel Paulo Henrique de Moraes, disse que moradores relataram que criminosos obrigaram funcionários das obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) a fazer dutos largos para eles fugirem.
As obras no complexo foram iniciadas em março de 2008 e incluem, além da construção de conjuntos habitacionais, a recuperação de ruas e instalação de redes de saneamento e iluminação pública, além de equipamentos sociais.
Em nota, a Secretaria Estadual de Obras e a Empresa de Obras Públicas do Estado do Rio (Emop), responsáveis pelas obras, disseram que "as obras seguem rigorosamente os projetos aprovados pela Caixa Econômica Federal, são sistematicamente fiscalizadas e medidas, e não podem ser alteradas".
Ontem, a operação pente-fino das polícias Militar e Civil no Complexo do Alemão apreendeu ao menos 95 quilos de cocaína, uma quantidade não especificada de maconha e crack, além de 12 fuzis, dez granadas, pistolas, facas e bombas caseiras.

MEDO
Apesar da ocupação da polícia e dos militares no Complexo do Alemão, funcionários terceirizados da Light, distribuidora de energia do Rio, se recusavam a entrar nas favela da Grota, ponto base da operação integrada polícia e Forças Armadas.
Eles temiam um ataque de traficantes escondidos, que teriam interesse nos uniformes que usavam, para saírem disfarçados da comunidade.
"Só vamos entrar se a polícia nos acompanhar no trabalho. Nosso uniforme é bastante visado", afirmou o medidor Jorge Luiz Costa.
José Lourenço Guimarães, 46, que há 15 anos trabalha como marcador dos medidores de consumo de luz em comunidades da zona norte, estava na mesma situação. Ao lado de outros seis funcionários, lembrava quando foi espancado por traficantes sob suspeita de ser um policial disfarçado. (DIANA BRITO, CIRILO JÚNIOR E LUIZA SOUTO)


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