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SEGURANÇA
Deputada tucana fez lobby por presidiário
ALEXANDRE HISAYASU
DA REPORTAGEM LOCAL
A deputada federal Zulaiê Cobra Ribeiro (PSDB) encaminhou
ofício ao secretário da Administração Penitenciária, Nagashi Furukawa, para que este verificasse a
"possibilidade de transferência"
de um preso condenado a 30 anos
por latrocínio (roubo seguido de
morte) e formação de quadrilha a
um centro de ressocialização
-onde ficam presos considerados de baixa periculosidade.
O pedido, datado de 27 de janeiro deste ano, foi atendido e o preso foi transferido em 24 de maio
para Mogi Mirim. Quatro dias depois, ele foi resgatado. A polícia
investiga a suspeita de o preso ser
ligado à facção criminosa PCC.
Zulaiê encaminhou o pedido
cerca de dois meses depois de outro, feito pelo próprio preso Jean
Francisco Iotti e que foi negado
pela mesma Secretaria da Administração Penitenciária. Na época,
a secretaria alegou que ele não tinha perfil para ficar no centro.
A Procuradoria Geral de Justiça
investigou Furukawa, que é subordinado do governador Geraldo Alckmin (PSDB), mas decidiu
arquivar o caso. A Procuradoria
não tem competência de investigar uma deputada federal -isso
só poderia ser feito pela Procuradoria Geral da República, que não
foi acionada.
Segundo o procurador Alvaro
Busana, não foi constatado nenhum indício de que Furukawa e
a deputada tenham tido participação, mesmo que indireta, no
resgate do preso. A deputada
"A deputada recebeu familiares
do preso, que queriam que ele ficasse em uma penitenciária mais
próxima deles. Ela encaminhou
ofício ao secretário Furukawa,
que repassou para a coordenaria
dos presídios. O que ocorreu depois, no caso o resgate, não pode
ser de responsabilidade do secretário nem da deputada, uma vez
que eles nem sabiam e nem poderiam saber o grau de periculosidade do detento", afirmou Busana.
Furukawa não foi ouvido pela
investigação. Ele respondeu as
perguntas da Procuradoria por
ofício. Segundo Busana, o caso só
será reaberto se aparecer indícios
envolvendo o secretário.
No ofício, a deputada justifica a
transferência pelo "fato de o solicitante estar muito distante dos
familiares". Ela sugeriu transferi-lo do presídio de Iperó (120 km a
oeste de SP) para o Centro de Ressocialização de Sumaré (120 km a
noroeste de SP). Também indicou
os centros de ressocialização de
Bragança Paulista, Limeira ou
Mogi Mirim. Ele acabou em Mogi
Mirim -a 162 km ao norte de SP.
Resgate
A transferência de Iotti foi assinada pelo coordenador dos presídios, João Batista Paschoal, preso
nesta semana com uma advogada
e mais duas pessoas, por suspeita
de envolvimento em esquema de
venda de transferências de detentos para presídios de menor segurança, onde era possível contato
com outros criminosos ou até
mesmo resgates.
No centro de ressocialização, segundo a secretaria, ficam presos
considerados de baixa periculosidade. A transferência ocorre após
o detento passar por exames psiquiátricos, psicológicos e ser entrevistado por uma assistente social. Além do comportamento,
também é levado em consideração o tipo de crime cometido.
Facção
O preso foi recapturado, em novembro, em Americana (128 km a
noroeste de São Paulo). Com ele,
foi encontrado a contabilidade do
PCC (Primeiro Comando da Capital). Ele seria, segundo a polícia,
contador da facção criminosa em
Campinas.
O resgate foi investigado pela
Promotoria de Mogi Mirim. O
promotor Rogério Filácomo Júnior apurou que não houve participação dos funcionários do CR
no resgate. Esta semana, ele encaminhou o caso para o Deic (Departamento de Investigação Sobre o Crime Organizado) apurar.
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