São Paulo, sexta-feira, 30 de dezembro de 2005

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OUSADIA NO RIO

Policiais eram responsáveis por traficante morto em ação de resgate

Integrantes da Polinter são afastados

DA SUCURSAL DO RIO

O chefe da Polícia Civil, Álvaro Lins, afastou ontem seis policiais responsáveis pela carceragem da Polinter (Polícia Interestadual e de Capturas), onde o traficante Marcélio de Souza Andrade, 29, estava preso. À tarde, a governadora Rosinha Matheus anunciou que a Polinter será fechada até o fim de janeiro.
Por determinação da governadora, todos os presos serão transferidos para as 11 casas de custódia que existem no Estado. "A Polinter não tem mais condições de funcionar do jeito que está. Polícia que prende não pode ficar guardando presos. Os detentos devem estar sob responsabilidade do sistema penitenciário", afirmou em nota à imprensa.
Na terça, uma operação de resgate de Andrade resultou na morte de dois policiais civis que o conduziam -com mais seis detentos-, do próprio criminoso e de um integrante de seu bando, em tiroteio iniciado no fórum da Ilha do Governador, onde prestaria depoimento.
De acordo com o depoimento de Deivid Anthony Silva de Luna, 21, preso na tentativa de resgatar Andrade que iria depor no fórum, o traficante teria planejado toda a ação de dentro da carceragem da Polinter de onde usava um telefone celular para falar com comparsas. Em duas buscas dentro das celas da Polinter nas últimas 24 horas, a polícia não conseguiu encontrar nenhum celular.
"Esclarecer o caso agora é ponto de honra da Polícia Civil, porque quem possibilitou por ação ou omissão a entrada desse celular concorreu de alguma forma para a trágica morte dos policiais", disse Marcelo Itagiba, secretário de Segurança Pública do Rio.
O chefe da Polícia Civil disse que não fará grandes mudanças na estrutura da Polinter, onde ficam detidos aqueles que ainda não foram condenados, tem um histórico de superlotação. Onde há vagas para 260 presos, hoje estão mais de 1.346.
O delegado da Polinter, Cláudio Góis, disse que não providenciou reforço na escolta dos presos por desconhecer a periculosidade de Andrade, que era da facção ADA (Amigos dos Amigos) e o principal organizador de "bondes" (invasões) a redutos de rivais.


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