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Cai o número de formados na rede pública
Levantamento mostra que, apesar de mais alunos entrarem nas universidades públicas, quantidade de formados caiu 9,5% em 2 anos
Resultado revela perda na eficiência das instituições, que são financiadas com verba pública; evasão é tida como uma das causas
FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL
O número de alunos que entra nas universidades públicas
brasileiras cresce desde a década passada. Nos dois últimos
anos, porém, a quantidade de
estudantes formados nessa rede caiu quase 10%, apontam dados do Ministério da Educação.
O resultado representa uma
perda na eficiência nessas instituições, que são financiadas
com recursos públicos. Neste
ano, somente a rede federal terá R$ 1,7 bilhão para custeio,
três vezes mais do que há quatro anos, segundo o MEC.
Pesquisadores afirmam que a
queda ocorre devido ao aumento da evasão (estudantes que
desistem dos cursos). Outro
ponto é o aumento do tempo
que os estudantes têm levado
para se formar.
Para esses analistas, diversos
motivos causam os dois problemas, entre eles a necessidade
de o aluno começar a trabalhar
e o descontentamento com os
cursos.
Tabulação feita pela Folha
com base nos dados do Censo
da Educação Superior, divulgado neste mês, mostra que
19.177 estudantes a menos se
formaram nas instituições públicas em 2006 do que em
2004 (queda de 9,5%).
A perda de mais de 19 mil
alunos representa quase o dobro de vagas oferecidas pela
USP no vestibular para 2008.
Também houve diminuição
de formados na rede pública
entre 2005 e o ano passado. Até
2004, a quantidade de estudantes formados nessa rede vinha aumentando.
O volume de ingressantes
cresceu 17% entre 2001 e 2003,
quando entrou a maioria dos
alunos que deveriam se formar
entre 2004 e 2006. No período
em que as instituições públicas
perderam eficiência, houve aumento de 30,5% de formados
nas universidades privadas.
Também utilizando dados do
censo, o professor Oscar Hipólito (ex-diretor do Instituto de
Física USP-São Carlos e consultor do Instituto Lobo para o
Desenvolvimento da Educação, da Ciência e da Tecnologia) calculou a evasão na rede
pública, a pedido da Folha.
Os dados mostram que o número de alunos que deixaram
seus cursos cresceu de 11,8%
para 12,3% entre 2005 e 2006
(variação de 4,2%). "Só isso não
explica a queda de egressos
[formados]. Os alunos também
estão demorando mais para se
formarem", disse Hipólito.
Segundo seus cálculos, em
2006 apenas 43% dos estudantes concluíram seus cursos no
tempo esperado.
"A queda no número de formandos é preocupante. Representa prejuízo financeiro para
o Estado, além de perdas acadêmicas e sociais", afirmou.
Os resultados do Enade (antigo Provão) mostram que os
cursos de melhor qualidade estão nas instituições públicas.
Na edição 2006 do exame,
21,2% dos cursos das universidades pública alcançaram o
conceito 5 (máximo), ante 1,6%
do sistema particular.
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