|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Para educadores, desinteresse por cursos e problemas financeiros aumentam a evasão
DA REPORTAGEM LOCAL
Dificuldade para se manter
na universidade, desencanto
com os cursos e problemas de
gestão são algumas das possibilidades citadas por pesquisadores e gestores para explicar o
aumento da evasão e do tempo
de conclusão dos cursos das
instituições públicas.
O presidente da Andifes (associação que reúne as universidades federais), Arquimedes
Diógenes Ciloni, afirma que o
aumento das matrículas que
ocorre desde a década passada
fez com que entrassem nas universidades camadas mais pobres da sociedade -que possuem mais dificuldades para seguir no ensino superior.
"Mesmo que o curso seja gratuito, há gastos com transporte,
livros, alimentação. Fica pesado, principalmente para os que
precisam mudar de cidade.
Muitos desistem", afirmou.
O consultor em ensino superior Carlos Monteiro também
cita as dificuldades financeiras
dos estudantes. "Durante o ensino superior, muitos passam a
ser chefe de família e precisam
começar a trabalhar. Às vezes
não é possível conciliar."
Monteiro aponta também
que o modelo do ensino superior pode desagradar. "Na
maioria absoluta dos casos, as
aulas repetem o modelo do ensino básico. O aluno se cansa."
Para Monteiro, uma das
principais medidas para "segurar" os alunos no ensino superior é diversificar o sistema, aumentando os cursos de curta
duração, por exemplo.
O pesquisador Oscar Hipólito, ex-diretor do Instituto de
Física USP-São Carlos, diz que
a queda no número de concluintes ocorre principalmente
devido a problema de gestão
das universidades. E cita como
exemplo o sistema de créditos,
no qual o próprio aluno monta
sua carga horária de aulas. "Do
mesmo modo que dá mais liberdade para o aluno, o que pode ajudá-lo, muitas universidades deixam o estudante solto, e
ele acaba se perdendo."
Gestões Lula e FHC
O Ministério da Educação do
governo Lula culpou a gestão
FHC (1995-2002) pela perda
de eficiência nas universidades
federais do país. Os tucanos rebateram a crítica.
Para o atual secretário de Ensino Superior, Ronaldo Mota, a
queda de concluintes entre
2004 e 2006 é reflexo de "políticas adotadas" na década de
2000. Mota cita as verbas de
custeio, que, de acordo com ele,
eram, em 2003, cerca de um
terço das deste ano.
"O número de concluintes de
agora reflete políticas adotadas
no período anterior. Com falta
de custeio e carência de recursos humanos, as universidades
se sentiram pouco estimuladas
a repensarem seus modelos
acadêmicos e a combaterem a
evasão", disse.
Ministro da Educação na gestão FHC, Paulo Renato Souza
negou que as universidades tenham sofrido problemas financeiros em seu período.
De acordo com o ex-ministro, a análise apresentada pelo
governo Lula desconsidera
convênios feitos em 2000 que
renderam R$ 500 milhões (valor da época) em equipamentos
para as instituições.
"Tanto não houve problema
de recursos que o número de
alunos nas universidades federais cresceu na minha gestão",
afirmou. Segundo dados do
MEC, entre os anos de 1995 e
de 2002, o número de vagas
nesse sistema cresceu 46,43%.
De acordo com o ex-ministro, atualmente deputado federal pelo PSDB-SP, o número de
concluintes caiu nas universidades federais "porque não está
havendo cobrança do governo"
em cima das universidades públicas.
(FT)
Texto Anterior: "Um pouco é relaxo", diz aluno há 8 anos na USP Próximo Texto: Danuza Leão: A maldição dos que não se conformam Índice
|