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MARIA GILSA GOMES DOS SANTOS (1951-2008)
No giro e na graça, uma porta-bandeira
WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Chegava o Carnaval e Maria Gilsa atraía olhos que não piscavam, curiosos para saber como podia girar sem cair ao envergar a pesada bandeira, bailar na avenida e sorrir. "O segredo é mirar o ponto e não mexer a cabeça", dizia a instrutora das porta-bandeiras. E mostrava: "assim". Aí ficava claro: empunhar o estandarte como ela não era para qualquer um.
Quem a visse em uma festa "saberia que era a porta-estandarte", diz a presidente da Rosas de Ouro, onde ficou 14 anos a segurar o estandarte. Pois rezam os preceitos de uma porta-bandeira que ela deve estar arrumada, saia a rodar, quando segura o símbolo da escola. E de salto prateado e saia azul e rosa, ela chegava para representá-la.
Mas o começo foi sem cor. Trocou Ipiaú (BA) por São Paulo, aos nove, no pau-de-arara, para trabalhar como doméstica, "dada pela mãe", conta a filha. Lá ficou 43 anos. Mas já aos 21 virou porta-estandarte na Primeira do Itaim; depois, na Acadêmicos do Tucuruvi e na X-9. Em 1995 chegou à Rosas de Ouro, onde foi primeira porta-bandeira e "ganhou, como poucas, o pavilhão (bandeira) com seu nome bordado".
Morreu domingo, aos 57, de infarto. Foi velada sob o hino da Rosas de Ouro, entoado por gente de muitas escolas -era casada com o diretor de harmonia da Unidos da Vila Maria e tinha, na Mocidade Alegre, filho sambista e filha porta-bandeira. Assim era sua família: unida e dividida pelo samba.
obituario@folhasp.com.br
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