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DENGUE
Desde o início do ano, já foram notificados mais de 10 mil casos no Estado; capital fluminense teve mais 500 registros ontem
Epidemia no Rio é a pior dos últimos 11 anos
MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO
O Estado do Rio está enfrentando a maior epidemia de dengue
dos últimos 11 anos. A Secretaria
Estadual da Saúde informou ontem que, desde o início do ano, já
foram notificados 10.406 casos.
Esse número supera a soma de
casos registrados de todos os meses de janeiro de 1992 a 2001, cuja
soma chega a 8.390. A última
grande epidemia de dengue no
Estado ocorreu em janeiro de
1991. Na ocasião, foram notificados 34.636 casos nesse período.
Segundo a secretaria, já foram
contabilizados 169 casos da forma
mais grave da doença, a hemorrágica, e cinco mortes, todas no município do Rio. A capital fluminense lidera as estatísticas de dengue. Ontem, a Secretaria Municipal da Saúde notificou mais 500
casos, chegando a um total de
3.862, sendo que 74 são da forma
hemorrágica. Esse número é 7,6
vezes o registrado no mesmo período do ano passado, quando foram notificados 504 casos.
O complexo da Maré (zona norte) é o local de maior incidência
de dengue no Rio, com 321 casos
já notificados desde o início do
ano. Os municípios da Baixada
Fluminense estão logo atrás da
capital em número de notificações. Duque de Caxias está em segundo lugar (1.410 registros) e
Nova Iguaçu, em terceiro (1.344).
Para a superintendente estadual
de Saúde Coletiva, Yolanda Bravin, a epidemia é explicada pelo
aparecimento do tipo 3 do vírus.
Segundo ela, dos 25 casos isolados
pelo Laboratório Noel Nutels,
vinculado à Secretaria Estadual da
Saúde, 95% correspondiam ao vírus do tipo 3. "Quem já teve os tipos 1 e 2 está sensível ao 3", disse.
Yolanda afirmou que o novo vírus apareceu no início de 2001 e
que a tentativa de eliminar os focos durante o inverno do ano passado foi frustrada, devido à ausência de um trabalho conjunto
entre a população e o poder público. "Não adianta nada um cidadão se prevenir se o seu vizinho
não faz o mesmo", disse.
Para Sérgio Arouca, ex-secretário municipal da Saúde, a explosão no número de casos já era
anunciada. De acordo com ele,
desde 1987 (ano da primeira epidemia), o aumento no número de
casos a partir de março tem sido
prenúncio de uma epidemia no
verão seguinte, como ocorreu em
2001. A prefeitura, segundo ele,
sabia disso, mas não fez nada e esperou o verão para agir.
"Antes de deixar a secretaria,
apontei uma carência de 1.500
agentes, além de equipamentos.
Nada foi feito. Hoje, não há guardas suficientes e os carros estão
parados na garagem", afirmou.
Para Antônio Sérgio da Fonseca, médico especializado em saúde pública da Fiocruz, o poder público só resolveu tomar medidas
depois que os casos começaram a
aparecer com grande incidência.
Procurada pela Folha, a assessoria da Secretaria Municipal da
Saúde não havia indicado ninguém para responder às críticas
até o fechamento desta edição.
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