São Paulo, quinta-feira, 31 de janeiro de 2002

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AIDS

Kaletra substituirá 5 anti-retrovirais comprados pelo SUS

Governo e laboratório fazem acordo para reduzir preço de medicamento

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Ministério da Saúde acertou com o laboratório Abbott a redução do preço do medicamento Kaletra, utilizado no coquetel de anti-retrovirais para pacientes com Aids. Com o acordo, serão economizados US$ 30 milhões na compra do medicamento neste ano. O preço caiu de US$ 2,97 para US$ 1,60 por unidade, o que representa uma redução de 46%.
O acordo aconteceu depois que o ministro José Serra (Saúde) ameaçou requerer a liberação compulsória - quebra de patente- do produto. Essa é a terceira vez que o governo brasileiro consegue reduzir o preço de medicamentos. "Conseguimos uma boa redução agora, mas não está afastada a hipótese da quebra da patente", disse o ministro.
O governo vai fazer uma compra inicial para seis meses do Kaletra, esperando que haja redução do preço da matéria-prima do medicamento no mercado internacional. O laboratório estatal Far-Manguinhos já iniciou a pesquisa da fórmula do Kaletra para uma eventual necessidade de fabricação do remédio no Brasil.
Em agosto do ano passado, Serra ameaçou quebrar a patente de outro medicamento anti-Aids, o Nelfinavir, fabricado pelo laboratório Roche. O ministério queria uma redução de 50% no preço, mas a empresa oferecia uma proposta menor. A pressão pela quebra da patente fez a Roche diminuir o preço, e o ministério desistiu de quebrar a patente.

Condições
A redução de preços era uma condição imposta ao laboratório Abbott pelo Ministério da Saúde para que o produto fosse incluído na lista de medicamentos distribuídos gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde. Aproximadamente 7.500 pacientes com Aids têm indicação terapêutica para usar esse medicamento.
Se o acordo não fosse alcançado, o ministério gastaria neste ano R$ 153,66 milhões com a compra do medicamento. O gasto ficará em R$ 82,78 milhões ao ano. Com a aquisição do Kaletra, haverá economia de R$ 45,82 milhões, pois ele substituirá outros cinco anti-retrovirais comprados pelo sistema público.
O laboratório Abbott também se comprometeu a doar ao Ministério da Saúde toda a medicação necessária para o tratamento de crianças com Aids com até 12 anos, cerca de US$ 3 milhões.


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