São Paulo, sábado, 31 de janeiro de 2004

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Traficante da Rocinha pode ter trocado de facção

DA SUCURSAL DO RIO

A polícia do Rio investiga se Luciano Barbosa da Silva, o Lulu, chefe do tráfico de drogas na favela da Rocinha (zona sul), trocou o CV (Comando Vermelho) pela facção TC/ADA (parceria entre Terceiro Comando e Amigo dos Amigos).
Segundo a polícia, a quadrilha arrecada na favela, por mês, R$ 50 milhões com a venda de cocaína e maconha. Seria o mais rentável ponto-de-venda de drogas do Estado do Rio.
Os moradores vivem sob tensão há pelo menos duas semanas. O medo começou depois que Eduíno de Araújo Filho, o Dudu, antigo chefe do tráfico, fugiu da cadeia e tentou retomar o controle da Rocinha, sendo impedido por Lulu.
Segundo o titular da DRE (Delegacia de Repressão a Entorpecentes), delegado Túlio Pelosi, a ordem para Dudu reassumir a Rocinha partiu de Isaías da Costa Rodrigues, o Isaías do Borel, e Márcio Nepomuceno, o Marcinho VP, chefes do CV presos na penitenciária Bangu 1 (zona oeste).
Pelosi informou que Lulu não aceitou a ordem, o que, segundo ele, é um indício de que teria mudado de facção.
O delegado disse que o CV planeja invadir a Rocinha. A facção estaria reunindo, na favela da Grota (zona norte), traficantes de áreas aliadas, como o complexo de Manguinhos e a favela do Jacarezinho.
A polícia tem informações de que, desde 2002, Lulu planejava mudar de facção. Gravações telefônicas feitas com autorização judicial mostraram que ele e Ernaldo Pinto de Medeiros, o Uê, um dos fundadores da ADA, negociavam armas.
Pelosi disse que Lulu não repassa dinheiro para os líderes presos do CV e não concorda em participar de "bondes" (comboios armados) para invadir áreas inimigas.
Para a coordenadora de Inteligência da Polícia Civil, Marina Maggessi, Lulu, por ter armas e "soldados" suficientes para criar outra facção, não precisaria ingressar em outra.
O recém-eleito presidente da União Pró-Melhoramentos da Rocinha, William de Oliveira, afirmou que "já entregou para Deus". Ele disse que a comunidade está na expectativa de uma guerra, mas negou a informação de que os moradores teriam instituído um toque de recolher informal.
Oliveira disse que a polícia tem contribuído para aumentar a sensação de medo. De acordo com ele, desde que surgiram as primeiras suspeitas de guerra, a polícia intensificou as ações na favela.


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