São Paulo, quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

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Passagem de metrô e trem sobe para R$ 2,40

Reajuste autorizado por Serra, de 4,35%, ficou abaixo da inflação acumulada no período, de 4,96% pelo IPCA, do IBGE

Aumento começa a valer a partir de 9 de fevereiro; bilhete único integrado (ônibus mais metrô) vai de R$ 3,50 para R$ 3,65

ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL

A tarifa do metrô e dos trens em São Paulo vai aumentar de R$ 2,30 para R$ 2,40 a partir do dia 9 de fevereiro, sábado.
O reajuste de 4,35% foi autorizado pelo governador José Serra (PSDB) num momento de desgaste da imagem do metrô, motivado pela superlotação crescente e agravado pela série de panes técnicas ocorridas neste ano -foram quatro em menos de duas semanas.
O bilhete único integrado (que permite viagens sucessivas entre os ônibus municipais e a rede de metrô ou trens) também vai subir, de R$ 3,50 para R$ 3,65, assim como a tarifa dos coletivos metropolitanos de São Paulo, Campinas e Baixada Santista -até 4,35%.

Abaixo da inflação
Os aumentos serão um pouco abaixo da inflação acumulada desde a data do último reajuste, em novembro de 2006 -5,46% pelo IPC, da Fipe, e 4,96% pelo IPCA, do IBGE.
Para os passageiros da rede metroferroviária, será ainda mais vantajoso a partir de agora optar pelos chamados bilhetes incentivados, de uso exclusivo no metrô e na CPTM -sem integração com os ônibus-, e que não sofrerão reajustes.
O "cartão fidelidade" manterá seu preço de R$ 42 pela recarga fixa de 20 passagens -ou seja, R$ 2,10 por viagem.
O "bilhete lazer", válido das 18h de sábado à 0h de domingo, além de feriados, seguirá a R$ 20 pela recarga fixa de dez viagens -R$ 2 por passagem.
Os reajustes eram preparados havia ao menos dois meses.
O prefeito Gilberto Kassab (DEM), aliado de Serra, informou ontem, por meio de sua assessoria de imprensa, que não está prevista a elevação do valor dos ônibus municipais -que custam hoje R$ 2,30.
A expectativa das viações, que são próximas do prefeito, é de que a alta ocorra após as eleições deste ano, quando Kassab deve tentar se reeleger.
A passagem do metrô mais cara que a dos ônibus retoma uma condição adotada por Estado e prefeitura até 2006.
A Secretaria dos Transportes Metropolitanos diz que os passageiros que comprarem os bilhetes unitários pelos atuais R$ 2,30 poderão utilizá-los por tempo indeterminado. Já os créditos do bilhete único adquiridos até 8 de fevereiro serão debitados a partir do dia 9 de acordo com as novas tarifas -R$ 2,40 a individual e R$ 3,65 a integrada com os ônibus.
Atualmente há subvenções dadas pelo Estado ao sistema -que cresceram depois da integração do bilhete único dos ônibus, iniciada em 2005.
Os subsídios são aprovados por especialistas como forma de barateamento da tarifa, mas há uma pressão crescente de técnicos do Estado para reduzir esses valores e revertê-los em investimentos na construção da rede metroferroviária.

Crise no metrô
O reajuste ocorre num momento de crise do metrô, que teve em 2007 sua pior da década -queda de 92% para 87% no nível de satisfação.
Neste ano, quatro panes técnicas prejudicaram milhões de usuários e levaram a gestão Serra a divulgar medidas de reforço na manutenção e operação, inclusive a contratação emergencial de funcionários.
Parte dos problemas é atribuída à superlotação -a demanda saltou mais de 25% em dois anos, atingindo patamares recordes após a integração com os ônibus pelo bilhete único. A gestão Serra avalia que a rede funciona com 30% de demanda superior à média esperada.
O secretário dos Transportes Metropolitanos, José Luiz Portella, chegou a encaminhar um e-mail ao governador na semana retrasada com alertas.
O jornalista Lauro Jardim divulgou anteontem em sua coluna "Radar On-line" que, no texto enviado a Serra, Portella falou diversas vezes em "riscos" e "crescimento dos riscos" no metrô, além de criticar pontos da construção e da manutenção do metrô em períodos anteriores -inclusive no governo Geraldo Alckmin (PSDB).
A assessoria de imprensa do secretário Portella negou haver divergências com a gestão tucana anterior em relação à administração do sistema.
Ela disse que os "riscos" citados por Portella no e-mail não se referem à segurança, mas à elevação de custos e à possibilidade de problemas técnicos até a conclusão dos investimentos nos próximos dois anos -incluindo a compra de trens.


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