São Paulo, quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

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Para ex-secretário, queda de mortes pode ser conjuntural

Secretário da Segurança do governo Covas, José Afonso da Silva não vê ação que explique redução dos índices no país

Segundo o "Mapa da Violência dos Municípios", o número de homicídios por arma de fogo continuou em queda no ano de 2006

DA REPORTAGEM LOCAL

O advogado constitucionalista José Afonso da Silva, secretário da Segurança Pública de São Paulo de 1995 a 1999 no governo Mário Covas (1930-2001), não comemora a queda de homicídios por armas de fogo apontados pelo relatório "Mapa da Violência dos Municípios", divulgado anteontem.
Segundo o levantamento, de 2003 para 2004, houve uma queda de 5,3% no número de homicídios por arma de fogo no país. De 2004 para 2005, 2,8% e, em 2006, 1,8%. Ele se diz feliz em saber que algumas vidas estão sendo preservadas, mas teme que isso seja algo circunstancial pois não vê nenhuma ação que explique a redução.

 

FOLHA - Dá para ficar otimista?
JOSÉ AFONSO DA SILVA -
Acho que dá para, pelo menos, ter esperança. Essa coisa é um pouco de onda. Houve outros momentos em que houve realmente baixa, mas depois houve ascensão. Isso é mais ou menos assim. Mas, de qualquer forma, é muito auspicioso você verificar que houve esta baixa dos homicídios. De qualquer forma é bom, porque algumas vidas estão sendo salvas.

FOLHA - O senhor tem uma avaliação porque isso acontece?
SILVA -
Precisávamos nos aprofundar, mas alguns fatores podem concorrer. Houve algumas melhorias das condições econômicas do país. Alguma política do Lula, especialmente o Bolsa Família, contribuiu para melhorar as condições de vida de uma população bem grande. A melhoria do salário mínimo também contribuiu para isso. Mas é curioso porque, na verdade, isso contribuiu mais no Norte e Nordeste do que aqui [Sudeste] ou no Sul. E, no entanto, a criminalidade no Nordeste é bastante elevada.

FOLHA - Parece uma contradição.
SILVA -
Não tenho dados precisos para isso. Até porque a gente precisa esperar um pouco mais para ver se isso permanece, se essa tendência continua. É muito freqüente. Há momentos de baixa e de elevação. Acho que numa baixa dessas é preciso esperar para ver se mantém e, se isso acontecer, aí sim, saber as razões dessa melhoria.

FOLHA - O senhor não vê nenhuma ação tão óbvia para essa redução e, por isso, teme novo aumento?
SILVA -
Eu temo que isso seja circunstancial. Dentro de uma onda, baixou, mas pode crescer outra vez. Eu temo, ainda que espere que seja assim. Espero que seja uma baixa para ficar e daqui para diante vá diminuir.

FOLHA - Se isso acontecer, precisamos estudar os motivos?
SILVA -
É bom que os sociólogos, e outras áreas aí, se debruçassem nisso para ver. Será que houve alguma coisa nesse fase para essa baixa? Parece que não houve nada especial para isso. Nenhuma política. Tudo está funcionando tal como era quando era mais elevado.


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