|
Próximo Texto | Índice
Homicídio cai 66%, mas SP ainda vive epidemia de mortes
Apesar da redução, OMS ainda enquadra Estado na chamada zona epidêmica de assassinatos
Ao mesmo tempo em que houve queda no número de homicídios, aumentaram os casos de latrocínio, de assaltos e de roubo de carga
Apu Gomes - 26.out.08/Folha Imagem
|
|
Carro de vítima de homicídio em Osasco (Grande SP)
EVANDRO SPINELLI
CONRADO CORSALETTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Pelo nono ano seguido, o Estado de São Paulo registra queda no número de assassinatos.
Foram 4.426 casos no ano passado, 451 a menos que em 2007.
O índice ainda é muito alto se
comparado ao de países desenvolvidos, mas, desde 1999
-quando houve um recorde
histórico (12.818 casos)-, a
queda é de 65,5%.
Apesar da redução, o Estado
continua sendo considerado
uma "zona epidêmica de homicídios" -para a OMS (Organização Mundial da Saúde), existe uma epidemia quando o índice é superior a 10 homicídios
para cada 100 mil habitantes.
Em São Paulo, são 10,76 casos
por 100 mil moradores.
São Paulo só não deixou essa
zona epidêmica porque houve,
nos meses de outubro, novembro e dezembro, um ligeiro aumento, de 0,36%, no número de
assassinatos em comparação
com o mesmo período de 2007.
Ao mesmo tempo em que
houve queda no total de homicídios, São Paulo verificou no
ano passado um aumento nos
casos de latrocínio, de assaltos
e de roubo de carga (veja quadro na pág. C3).
Polêmica
O governo atribui a queda
dos homicídios ao investimento nas polícias, ao aumento na
apreensão de armas e à construção de presídios e o consequente crescimento da população carcerária do Estado (hoje
em 145 mil presos).
Coronel reformado da PM e
ex-secretário nacional de Segurança Pública da gestão FHC,
José Vicente da Silva Filho diz
que São Paulo "rompeu uma
espiral". "A polícia foi reabilitada, e o Estado aumentou a sua
taxa de encarceramento, que é
o dobro da nacional", diz.
O promotor Roberto Wilder
Filho, que por seis meses investigou um dos núcleos mais
atuantes da facção criminosa
PCC (Primeiro Comando da
Capital), afirma que uma das
razões para a queda são os chamados "tribunais do crime".
Segundo ele, escutas mostram que homicídios comuns
em algumas favelas são brutalmente reprimidos por traficantes, que não querem chamar a
atenção da polícia para os seus
pontos-de-venda de drogas.
O coronel Daniel Rodrigueiro, subcomandante-geral da
Polícia Militar, descarta a influência do PCC na redução.
"Uma organização criminosa
não tem tal domínio. A polícia
entra em todos os lugares. É temeroso fazer tal afirmação",
afirma o coronel.
Próximo Texto: Frase Índice
|