São Paulo, domingo, 31 de janeiro de 2010

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Obras não priorizam acústica, afirma setor imobiliário

Tema não é valorizado por compradores e construtores, diz Secovi; 3% do valor da obra teria de ser gasto para haver bom isolamento

Problema pode ser atenuado em breve, pois regra que começa em maio determina padrão mínimo e forma de medição


DA REPORTAGEM LOCAL

Quem reclama do barulho no prédio é muitas vezes taxado de chato pelos vizinhos. Especialistas consultados pela Folha, porém, afirmam que essas queixas não surpreendem e que há motivos para existirem.
Em primeiro lugar porque as técnicas modernas de construção permitem que o som se propague com mais facilidade em relação às usadas em prédios com mais de 20, 30 anos. Em segundo porque as construtoras nunca trataram o conforto acústico como característica primordial de suas obras.
"Culturalmente, no Brasil, o assunto acústica nunca foi muito valorizado pelos clientes e pelos construtores", afirma Carlos Borges, vice-presidente de tecnologia do Secovi -entidade que representa o setor imobiliário no Estado de SP.
Mas não se trata de simples desinteresse, segundo ele. Faltava uma regulamentação detalhada para balizar parâmetros de desempenho acústico das edificações. Faltava, porque já há uma norma prevendo isso, a NBR 15.575, que passa a valer a partir de maio.
"Essa norma vai obrigar a construtora a pensar em diversos aspectos da acústica e determina como o resultado tem que ser medido. É um avanço."
Segundo Borges, o preço dos investimentos em acústica sempre foi um empecilho. Mais de 3% do custo de um empreendimento teria de ser gasto para fazer uma obra acusticamente perfeita. Por isso, apenas alguns edifícios com valores muito altos usam como chamariz o fato de ter uma acústica especial em relação a prédios convencionais.

Mais leves
De acordo com a professora de tecnologia de construção de edifícios da Escola Politécnica da USP Mercia Bottura Barros, há 20 anos os revestimentos eram mais espessos.
"As construtoras colocavam mais material em paredes e lajes para minimizar erros de prumo ou de alinhamento. Hoje as técnicas construtivas são mais racionalizadas e precisas e permitem paredes mais leves e, como são menos espessas, oferecem um obstáculo menor ao som", afirma.
Tanto Mercia como Borges concordam que o uso do dry wall, estrutura que tem sido muito difundida na construção, não implica necessariamente problemas de acústica.
Leve e fino, o dry wall é constituído de uma estrutura metálica revestida por placas de gesso. Espaços entre essas placas podem ser preenchidos para melhorar o isolamento.
Se bem utilizado, afirmam, o dry wall pode proporcionar um bom isolamento, tanto que está presente em divisórias de salas de cinema. (MÁRCIO PINHO)


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