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Após acusação de furto, Sobel é internado
Segundo boletim médico do hospital Albert Einstein, internação ocorreu devido a "episódios de transtorno de humor"
Rabino foi acusado de ter furtado gravatas nos EUA, onde chegou a ser detido; em nota, ele diz que jamais teve intenção de furtar
PAULO SAMPAIO
DA REPORTAGEM LOCAL
Acusado de furtar cinco gravatas em lojas de West Palm
Beach, Flórida, na sexta-feira
(23), o rabino Henry I. Sobel foi
internado na madrugada de ontem no hospital Israelita Albert
Einstein. De acordo com um
boletim distribuído para a imprensa, a internação ocorreu
devido a "episódios de transtorno de humor representado
por descontrole emocional e alterações de comportamento".
O boletim, assinado pelo superintendente do hospital, José Henrique Germann, e pelo
médico-assistente Flávio
Huck, informou ainda que Sobel estava sob tratamento e vinha fazendo uso de hipnóticos
e diazepínicos, que podem causar confusão mental e amnésia.
Sobel, afastado temporariamente da presidência do rabinato da Congregação Israelita
Paulista na quinta-feira, foi detido no dia 23 em West Palm
Beach sob suspeita de furto. Segundo a polícia, ele furtou gravatas avaliadas em U$ 680 (R$
1.390). As autoridades americanas o liberaram após pagamento de fiança de U$ 3.000 .
Sobel deve se apresentar para audiência com o juiz de Palm
Beach no dia 23 de abril. Um
amigo do rabino informou ontem que ele constituirá advogado nos EUA. Anteontem, o rabino emitiu nota em que diz
que jamais teve "a intenção de
furtar qualquer objeto" e que
costuma enfrentar acusações.
Líderes da comunidade judaica atribuem a atitude do rabino nos EUA ao seu estado de
saúde "delicado".
"As atitudes dele estavam
nos preocupando ultimamente. Eu não sou médico, mas afirmo que o comportamento do
rabino não tem sido normal",
diz o presidente do Congresso
Judaico Latino Americano,
Jack Terpins. Segundo ele, Sobel cancelou na última hora
uma viagem que os dois fariam
na quinta-feira a Caracas -e
embarcou para Palm Beach.
"A viagem à Venezuela era
importantíssima para prestar
solidariedade à comunidade judaica local, que vinha sendo
tratada com diferença por setores ligados ao (Hugo) Chávez."
Para o secretário municipal
de Esportes e conselheiro da federação israelita de SP, Walter
Feldman, "não é inimaginável
que o rabino tenha agido de
maneira involuntária".
"Como médico, acredito que
ele passa por alterações físicas,
mentais e até medicamentosas.
O rabino é um indivíduo bastante dinâmico, e ultimamente
andava estressado. Não duvido
que, com seu temperamento
voluntarioso, tenha alterado a
posologia dos medicamentos
para se sentir mais tranqüilo."
Para o presidente executivo
da Federação Israelita do Estado de SP, Ricardo Berkiencztat,
"não há como mensurar as conseqüências disso tudo".
"O rabino é uma figura de
forte presença na sociedade
brasileira, e sempre foi honrado por uma ética ilibada", diz.
Apesar de considerar Sobel
"um líder insubstituível na comunidade", Berkiencztat acredita que o nome mais provável
para ficar no lugar dele em sua
ausência é o de Michael Schlesinger, um dos três rabinos da
CIP (Congregação Israelita
Paulista). Ele diz que Schlesinger vem sendo preparado pelo
próprio Sobel para substituí-lo.
Judeus de orientação mais
ortodoxa, que não concordam
com a linha liberal adotada por
Sobel, também atribuem os
atos do rabino a uma "fase difícil". "A repercussão que a imprensa está dando ao caso é um
absurdo. É evidente que ele
passa por problemas de saúde,
e isso deveria ser respeitado",
diz o rabino Yossi Schildraut,
chefe da sinagoga do Itaim, a
maior do Brasil.
Nascido e criado nos Estados
Unidos, Schildkraut diz que conhece as leis americanas e que
o delito de Sobel lá "é considerado uma ofensa mínima".
Na opinião do presidente da
Comissão dos Direitos Humanos de SP, José Gregori, Sobel é
"o estrangeiro que mais colaborou para a integração da comunidade judaica no Brasil". "O
que me deixa aterrado é a polícia americana ter chegado a esse grau de boçalidade. Você, como delegado, tem de saber
quem prende", afirma.
Colaborou JULIANA TRAVAGLIA
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