São Paulo, sábado, 31 de março de 2007

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Corpo docente estável influi no resultado

Escola com praticamente os mesmos professores há dez anos tem desempenho melhor que outra com quadro em formação

Plínio Salgado foi a 14º escola na prova Brasil, já a Ayrton Oliveira foi a sétima com menor média; ambas estão no Grajaú, zona sul de SP


EM SÃO PAULO
DA REPORTAGEM LOCAL

A diferença que faz um corpo docente estável e com tempo médio de casa elevado -uma das principais hipóteses da Secretaria Municipal de Educação para explicar resultados tão diferentes- se aplica perfeitamente ao caso dos colégios do Grajaú (zona sul de São Paulo) com desempenhos díspares.
Na Plínio Salgado, a 14ª melhor escola com 254 pontos na Prova Brasil, a direção é a mesma desde 1989. Boa parte dos professores também trabalha na instituição há mais de dez anos.
"Verificamos periodicamente quais são as dificuldades dos estudantes, que podem mudar com o passar do tempo. Identificado o problema, podemos aplicar atividades específicas", afirmou a coordenadora da unidade, Maria de Fátima Miranda. A área que mais recebe a atenção do colégio tradicionalmente é a leitura.
Já na Ayrton Oliveira, sétima com menor média (181 pontos), a situação é oposta. O colégio foi criado há apenas dois anos. "O quadro de docentes está em formação. Ainda falta vínculo dos professores com a escola", afirmou a supervisora da unidade, Rosana Pazzini.
Além disso, como o colégio é novo, houve pouco tempo para trabalhar a principal dificuldade dos estudantes da escola, que é a alfabetização.
Desde o ano passado, a unidade se inscreveu em todos os programas da prefeitura com o objetivo de melhorar nesse quesito.

Estrutura
Apesar das diferenças nos desempenhos na Prova Brasil, a estrutura das duas escolas são muito semelhantes.
Ambas possuem três turnos diurnos, problema conhecido como "turno da fome", pois há classes com aulas das 11h às 15h.
A medida é tomada em áreas onde a demanda é grande e apenas dois turnos (manhã e tarde) não são suficientes. Assim, cada turma perde ao menos uma hora de aula.
Além disso, ambas as escolas têm tamanhos semelhantes (cerca de 1.500 alunos), e os professores possuem salários parecidos.
Até a percepção dos pais é parecida. "O ensino aqui é muito bom, os professores são atenciosos", afirmou a dona de casa Kelly Mafra, 27, que possui dois filhos na Ayrton Oliveira. (ANTÔNIO GOIS e FÁBIO TAKAHASHI)

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