São Paulo, segunda-feira, 31 de março de 2008

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Segurança privada cresce 12% no Rio, diz sindicato do setor

DA SUCURSAL DO RIO

O medo da violência aumentou o faturamento da indústria de segurança privada e alterou hábitos de moradores nas grandes cidades brasileiras.
Jucélia Besa, que mora no bairro do Grajaú (zona norte do Rio de Janeiro) desde que nasceu, em 1943, vai na contramão dos que evitam sair de casa à noite com medo de sofrer algum assalto.
"Minha mãe fica sempre preocupada e pede que eu ligue sempre quando chegar em casa. Mas nunca me aconteceu nada. Eu vejo, no entanto, que à noite só anda nas ruas quem tem cachorro. Antes, era um hábito mais comum", diz ela.
Ana Tinelli, moradora de Vila Isabel (também na zona norte da cidade) há mais de 50 anos, não teve a mesma sorte e já foi assaltada dentro do ônibus.
Por causa disso, ela afirma que utiliza apenas o ônibus em horário de pico, quando está cheio e aparenta ser mais seguro. Ela reclama também que, no bairro onde mora, vários vizinhos decidiram contratar agentes de segurança privada e fechar ruas com a instalação de cancela, diminuindo a circulação de veículos.
Na capital paulista, onde a probabilidade de sofrer qualquer tipo de crime é de 85%, Lygia Horta, moradora de Moema (zona sul), tomou atitudes drásticas.
Para reduzir os riscos de assaltos a sua casa, ela deixou de contratar empregados domésticos e aumentou os muros.
"Desde que a onda de violência começou, lá pelos anos 80, passamos a investir mais em segurança. Hoje, os vizinhos brincam que minha casa parece uma fortaleza, com grades e muros altos", conta ela.

Setor cresce
O presidente do Sindicato das Empresas de Segurança Privada do Rio de Janeiro, Frederico Camara, afirma que o faturamento do setor tem crescido numa média de 10% a 12% ao ano. Ele diz ainda que um dos serviços cuja procura mais aumentou foi o de escolta.
"Antes, somente as pessoas da classe média alta pagavam para obter serviços de segurança privada. Atualmente, mais gente contrata esse tipo de serviço e muitos escolhem apenas pelo serviço de escolta, como um grupo de idosos que decide ir ao teatro e divide os custos da segurança. Em muitos casos, no entanto, é preciso alertar para o risco de contratar serviços ilegais, comuns principalmente em vias públicas", afirma Camara.
Em São Paulo, José Adir Loiola, presidente do Sindicato das Empresas de Segurança Privada do Estado, afirma que o crescimento do setor no Estado está hoje estabilizado em cerca de 5%, depois de um período de forte crescimento que se encerrou há quatro anos.
"Quase todas as empresas e órgãos públicos já têm serviços de segurança privada. O que está impulsionando o mercado em São Paulo são os novos condomínios e escritórios que estão surgindo."


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