RICARDO WESTIN
DA REPORTAGEM LOCAL

Os 14 prédios desbotados do Cingapura Chaparral 1, na marginal Tietê, concentraram um dos piores surtos de dengue da cidade de São Paulo no ano passado. Dos 800 moradores do conjunto habitacional, pelo menos 80 caíram doentes.
O susto serviu de lição. Os moradores se mobilizaram e conseguiram evitar que o surto se repetisse neste ano. Até o momento, ninguém ficou doente.
"Isto aqui era uma sujeira. As pessoas jogavam saco de lixo pela janela. A água ia se acumulando em garrafa, lata, copinho. Dava para ver as larvas do mosquito da dengue nadando", diz a dona-de-casa Márcia Gomes, 38.
De bebês a idosos, o mosquito chegou a picar famílias inteiras. "O Cláudio teve sangramento. A Santa e os filhos todos ficaram doentes. A mãe do Biro chegou a dá-lo por morto. Ele ficou um tempão acamado. Quando saiu, eu nem reconheci aquele moleque magro. Misericórdia! A dengue é terrível", conta Reginaldo Belarmino, 40, o líder comunitário daquele Cingapura.
Assim que o surto passou e os agentes sanitários da prefeitura que combatiam o mosquito foram embora, os vizinhos contrataram duas mulheres para manter o entorno dos prédios limpo. Elas fazem a faxina três vezes por semana. O dia de mais trabalho é o sábado,
A vizinhança costuma amanhecer particularmente suja no sábado, com copos de plástico espalhados pela rua.
das bebidas do forró de sexta-feira à noite espalhados pela rua.
Cada uma ganha R$ 50 por semana. O líder comunitário Reginaldo Belarmino, 40, bate de porta em porta recolhendo R$ 3 de cada família todo mês. "Sem união, a comunidade não vence a doença. Neste ano, seria pior. Como a gente já teve dengue uma vez, o risco agora é ter dengue hemorrágica, que pode matar", diz.


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