|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MOACYR DE GÓES (1930-2009)
Um educador de pés no chão de terra batida
ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL
Ao ouvir os pedidos do povo
por mais educação, a Prefeitura de Natal justificou-se: a
administração atravessava
uma época de vacas magras,
não haveria dinheiro para levantar escolas de alvenaria.
A solução veio da própria
comunidade, e a ideia foi encampada pelo então secretário da Educação naquela década de 60: Moacyr de Góes.
Se alvenaria não dá, erguemos escolas de palha. Foi assim que surgiu o projeto "De
pé no chão também se aprende a ler", que atendeu 40 mil
alunos até 1964, uniu educação e cultura popular e marcou a carreira de Moacyr.
Amigo de Paulo Freire, desde a época em que estudou direito em Recife, foi ser professor de história após se decepcionar com a advocacia. Em
seu mandato, foram construídos nove galpões de palha para as aulas. Em alguns, não
havia eletricidade -as salas
eram iluminadas com candeeiros; o chão era de terra.
Em 1964, com o golpe militar, Moacyr foi preso, acusado
de subversão, e as escolas foram fechadas. Na cadeia,
proibido de receber visitas,
não soube que seu filho caçula
nascia, como lembra a mulher
-e também professora de
história-, Maria Conceição.
Solto, foi ao Rio, onde deu
aulas em colégios e, com a
anistia, conseguiu transferir
seu antigo cargo de professor
para a UFRJ. No fim dos anos
80, foi secretário da Educação
no Rio; depois, voltou a ser secretário em Natal por seis meses. Escreveu vários livros.
Na sexta, morreu aos 78,
devido a um câncer de bexiga
diagnosticado há cerca de três
anos. Deixa cinco filhos (entre eles, o diretor de cinema
Moacyr Góes) e seis netos.
obituario@grupofolha.com.br
Texto Anterior: Mortes Próximo Texto: Amazonas: Queda de turbina causou prejuízos de R$ 31,3 mil Índice
|