São Paulo, quarta-feira, 31 de março de 2010

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Gangue da bicicleta rouba celular na Paulista

Aparelhos são alvo de adolescentes que, pedalando, invadem as calçadas e assaltam quem está falando ao telefone

Maior parte dos roubos acontece no início da noite, na região do shopping Pátio Paulista; mulheres e idosos são vítimas preferenciais

Adriano Vizoni/Folha Imagem
Pedestre fala ao celular na região da avenida Paulista, local que enfrenta onda de assaltos realizados pela gangue da bicicleta

AFONSO BENITES
DA REPORTAGEM LOCAL

Raquel Machado, 29, caminhava falando ao celular logo após deixar o restaurante que coordena, no shopping Pátio Paulista (zona central de São Paulo), quando um adolescente de bicicleta se aproximou.
Em poucos segundos, o garoto subiu na calçada, acelerou as pedaladas, empurrou a jovem e fugiu pela rua na contramão, levando o telefone.
O assalto, que aconteceu no início do mês, foi um susto para Raquel, mas não uma surpresa.
Cerca de um mês antes, ela já havia tido outro celular roubado da mesma forma, também nas proximidades do shopping e da avenida Paulista, como tem sido praxe no local.
"Todos os dias vejo os moleques assaltando. É sempre o mesmo grupo", diz Davi Manoel da Silva, 48, frentista de um posto de gasolina da região.
Em um único dia, ele chega a contabilizar quatro assaltos na mesma rua.
Moradores e trabalhadores da área afirmam que, além das proximidades do shopping, a ação dos ladrões se estende para a alameda Santos, a rua Treze de Maio e a avenida Brigadeiro Luís Antônio, entre outras vias. Acostumados a presenciar as ações, eles contam que os garotos, que aparentam ter entre 13 e 16 anos, muitas vezes pedem esmolas durante o dia e iniciam os assaltos ao entardecer.
Nas últimas duas semanas, a reportagem entrevistou 35 pessoas que passam diariamente por essa região da Paulista. Os relatos são quase unânimes: só duas afirmaram que nunca foram vítimas ou testemunharam algum roubo praticado por ciclistas neste ano.

Ligações perigosas
Dois bares próximos ao shopping contrataram seguranças para proteger os clientes e avisá-los do risco em falar ao celular na rua.
Os principais alvos dos assaltantes são mulheres, de qualquer idade, e homens idosos, assaltados geralmente entre 17h e 20h, período de maior movimento por ali. Os garotos também levam sacolas de compras, laptops e joias.
Nas delegacias da região, poucos registram a ocorrência.
"Não adianta. A polícia diz que, como os ladrões são menores de idade, não pode fazer nada. Eles até são presos, mas soltos depois de levar uma bronca", diz o administrador Antonio Xavier, 47, que já foi roubado.

Novo planejamento
A Polícia Militar diz que conhece os casos e que está fazendo um novo planejamento para coibir os assaltos na região. Segundo a PM, 60 policiais monitoram toda a região da Paulista. "São muitos policiais pela extensão da área, mas poucos em relação à população que circula lá diariamente [cerca de 600 mil]", disse o comandante da PM na região central, coronel Marcos Roberto Chaves.
Nos meses de novembro e dezembro do ano passado, oito adolescentes foram detidos sob suspeita de assalto.
Neste ano, não houve nenhuma detenção em flagrante, segundo a PM. "Não adianta apenas recolher os jovens na Fundação Casa. Precisamos de uma ação social, senão daqui a pouco eles voltam", diz Chaves.


Colaborou JOSÉ ERNESTO CREDENDIO, da Reportagem Local


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