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São Paulo, sábado, 31 de maio de 2003

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SEGURANÇA

Em depoimento na Assembléia do Rio, tenente-coronel reafirmou que titular da pasta de Esportes pediu trégua contra tráfico

PM mantém acusação contra secretário

FABIANA CIMIERI
DA SUCURSAL DO RIO

O tenente-coronel Erir Ribeiro da Costa Filho, ex-comandante do 4º Batalhão da Polícia Militar do Rio, reiterou ontem, na Assembléia Legislativa, a acusação de que o secretário estadual de Esportes, Francisco de Carvalho, o Chiquinho da Mangueira, lhe teria pedido uma trégua nas operações contra o tráfico no morro, na zona norte do Rio.
Carvalho confirma que se reuniu com Costa Filho no dia 14 de fevereiro, mas nega a acusação. Ele foi convocado a depor na comissão no dia 3 de junho.
O tenente-coronel prestou depoimento por uma hora e meia na Comissão de Segurança da Assembléia. Fumando muito antes de entrar na sala, ele atribuiu à "pressão política" sua exoneração do comando do batalhão, no dia 29 de abril. "Eles falam que eu saí por inoperância, e eu não sou incompetente", disse.
O tenente-coronel afirmou que, na reunião de fevereiro, ao supostamente pedir-lhe que reduzisse as operações da PM na Mangueira, Francisco de Carvalho não teria mencionado o argumento de que era preciso proteger as crianças nos horários de entrada e saída das aulas.
Segundo Costa Filho, esse argumento só apareceu no ofício que recebeu no final de fevereiro do juiz Siro Darlan, da Vara da Infância e da Juventude. O tenente-coronel disse que a preocupação era improcedente porque, nos quatro meses em que esteve à frente do 4º Batalhão, não houve casos de moradores da Mangueira feridos em operações policiais.
Costa Filho afirmou conhecer outros casos de ingerência política na PM. Ele entregou aos deputados da comissão um documento que comprovaria que, no governo de Benedita da Silva (abril a dezembro de 2002), houve pressão para a sua substituição no comando do Batalhão Rodoviário da PM. Segundo Costa Filho, o então comandante da corporação, coronel Francisco Braz, teria resistido à pressão.
Os deputados Flavio Bolsonaro (PP), Paulo Ramos (PDT) e Carlos Minc (PT) disseram acreditar que a situação do secretário de Esportes "se complicou" após o depoimento de Costa Filho. Segundo eles, o major Roberto Alves Lima, ex-subcomandante do 4º Batalhão, que também depôs ontem, ratificou as declarações do tenente-coronel.
A Folha procurou Carvalho na secretaria, na presidência da Suderj e em seu celular. Entrou em contato com seus dois assessores, que primeiro informaram que ele estava numa gravação e depois, que ele tinha ido almoçar. Até o fechamento desta edição, o secretário não havia sido localizado.
Anteontem, a Associação dos Oficiais da PM entrou com uma representação no Ministério Público Estadual pedindo que um procurador acompanhe as investigações da Polícia Civil. O presidente da associação, coronel Paulo Monteiro, disse temer que haja influências políticas durante a condução do inquérito.


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