São Paulo, quinta-feira, 31 de maio de 2007

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Frio recorde em maio lota hospitais e suspende aulas

Em SP, temperatura chegou a 9,4C ontem; recorde negativo foi na sexta: 8,5C

Para especialistas, maior quantidade de frentes frias, umidade alta e a atuação do fenômeno climático La Niña explicam frio intenso

CÍNTIA ACAYABA
RENATA BAPTISTA
DA AGÊNCIA FOLHA

Massas de ar frio derrubaram os termômetros em maio em todo o país. Entre os reflexos da queda de temperatura estão a suspensão de aulas em São Joaquim (SC), aumento no movimento hospitalar em Belo Horizonte (MG) e em São Paulo e até o congelamento de uma cachoeira em Urupema (SC).
Em Santa Catarina, o mês de maio é o mais frio dos últimos 39 anos. Em cidades das regiões Sul, Centro-Oeste e Norte, a temperatura está abaixo da média histórica para o mês.
Em São Joaquim (233 km de Florianópolis) houve ocorrência de neve nos dias 29 e 23. No Rio Grande do Sul, nevou na madrugada de ontem em Bom Jesus (299 km de Porto Alegre). A mínima foi de -3,4C.
Segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), não nevava em maio no país desde 2001. Nos últimos 36 anos, além de 2001 e 2007, o fenômeno só ocorreu em maio nos anos de 1971, 1979, 1988 e 1999.
A menor temperatura do ano em São Paulo foi de 8,5C, na sexta-feira passada, a mais baixa desde setembro do ano passado e a menor no mês de maio na capital desde 2000. Na madrugada de ontem, a mínima foi de 9,4C.

Razões
Especialistas apontam quatro razões para o frio intenso: maior quantidade de frentes frias, intensidade das massas de ar frio, umidade alta e o fenômeno climático La Niña.
De acordo com o meteorologista do Cptec (Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos) José Pesquero, há grande quantidade de ondas atmosféricas (movimentação atmosférica) circulando no hemisfério Sul, o que propicia condição adequada para a entrada de massas de ar frio.

Onda atmosférica
"Normalmente, como ocorreu em maio de 2006, circulam de três a quatro ondas. Neste ano estamos com mais de quatro. Por causa disso, a América do Sul e a África do Sul estão recebendo um grande número de intensas frentes frias."
Para o meteorologista do Inmet Francisco de Assis, além da atmosfera estar favorável à entrada do ar frio, as massas estão amplas e conseguem se distanciar mais da Antártica. "As frentes frias estão chegando até Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Acre e Rondônia."
Em Rio Branco (AC), por exemplo, a temperatura está cerca de quatro graus abaixo da média. Ontem, em Campo Grande (MS) os termômetros marcaram 6,5 C -a média desta época do ano é de 16 C.
Segundo o Inmet, a chegada de massas de ar frio devem persistir até o dia 12 de junho.
Aliadas às frentes frias estão os sistemas de baixa pressão, que aumentam a nebulosidade e a umidade -estes encobrem o sol e tornam os dias mais frios.
Em Belo Horizonte (MG), o frio elevou o número de atendimentos por problemas respiratórios em unidades de pediatria. No hospital João Paulo 2º, maior centro de atendimento pediátrico do Estado, o movimento aumentou em 30%.
Em São Joaquim, as escolas públicas e particulares suspenderam as aulas ontem, quando a temperatura mínima foi de -3C. "Se há aula em dia frio, a abstenção é grande. De uma turma de 30 alunos, aparecem dois ou três", disse Bernadete Martins, secretária municipal da Educação.
Uma cachoeira de Urupema, onde a mínima ontem foi de -1,8C, congelou durante a madrugada. O fenômeno ocorre pela baixa vazão da cascata.


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