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SP atende 3 milhões de pacientes de cidades vizinhas
47% dos moradores da região metropolitana que dependem da saúde pública recorrem à rede da capital, segundo pesquisa
Estudo foi encomendado pela Secretaria Municipal da
Saúde de São Paulo; cidade nem sempre recebe pelos
pacientes que vêm de fora
RICARDO WESTIN
DA REPORTAGEM LOCAL
Dos moradores da região metropolitana de São Paulo que
dependem do sistema público
de saúde, perto da metade
-47%- recorre à rede de atendimento da capital, e não à de
suas próprias cidades.
Descrito pelas autoridades
de saúde como "invasão", esse
movimento foi calculado por
uma extensa pesquisa realizada
pelo Ibope e obtida pela Folha.
A região metropolitana de
São Paulo tem cerca de 19,6 milhões de habitantes. Excluindo-se a capital, há 8,8 milhões
de moradores divididos entre
38 cidades. Desse grupo, segundo a mesma pesquisa do
Ibope, 6,3 milhões (72%) utilizam a rede pública de saúde.
Aplicando-se o índice de
47%, as cidades vizinhas "exportam" para a capital quase 3
milhões de pacientes. Eles se
juntam aos 7,6 milhões de pessoas que moram em São Paulo
e também usam o sistema público da capital (70% dos 10,8
milhões de moradores).
O DataSUS informa que cerca de 13% dos atendimentos
médicos realizados em São
Paulo são de pacientes de fora
da cidade. O levantamento do
Ibope sugere que esse índice
pode ser bem maior.
A pesquisa foi encomendada
ao Ibope pela Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo.
"Até agora, tínhamos poucos
dados sobre quem é o "cliente"
efetivo do SUS [Sistema Único
de Saúde] em São Paulo. Para
fazer o planejamento, precisamos desse tipo de informação",
explica o secretário da Saúde,
Januário Montone.
O SUS, que permite ao cidadão ser atendido gratuitamente em qualquer lugar do país,
prevê que os municípios de
uma mesma região devam
atuar de forma integrada. Cidades pequenas não devem oferecer cirurgias de coração, por
exemplo, devido à baixa demanda. Os pacientes que precisam desse tipo de operação são
encaminhados para cidades
maiores, que recebem o pagamento do SUS pelo procedimento realizado.
"Uma cidade que tem mais
condições técnicas e científicas
recebe um número maior de
pessoas. A cidade de São Paulo
é referência para todo o país e,
em alguns casos, para a América Latina", diz Cleusa Bernardo, que ocupa no Ministério da
Saúde o cargo de secretária
substituta de Atenção à Saúde.
Essa força da medicina paulistana se vê na porta do Hospital das Clínicas, onde se concentram ambulâncias com placas de diversas cidades.
Outra evidência é o fato de a
capital, com 7,6 milhões de
pessoas que usam o SUS, ter
emitido 14 milhões unidades
do Cartão SUS -muitas pessoas de fora, na hora do cadastro, dão o endereço de parentes
da capital.
Postos de saúde
No caso da chamada atenção
básica, que inclui os postos de
saúde, responsáveis pelos problemas de saúde mais simples e
pelas ações de prevenção de
doenças, não costuma haver
verba extra para os pacientes
de fora. Os repasses do SUS
ocorrem de acordo com o número de postos na cidade e o tamanho da população. Diversos
municípios estão atualmente
em negociações para que se pague pelo atendimento desses
pacientes a mais.
São Paulo também cuida de
pacientes de cidades vizinhas
que diariamente chegam à cidade para trabalhar. É o caso da
diarista Jô Moraes Cardoso Tavares, 39. Ela mora em Diadema, mas trabalha nos Jardins
(zona oeste). Sua referência é
um posto de saúde localizado a
alguns quarteirões dali, no
Itaim Bibi (zona oeste). "Para
mim, é mais viável fazer as consultas e pegar os remédios aqui.
Só uso o SUS em Diadema em
caso de emergência."
A pesquisa do Ibope, realizada entre dezembro de 2007 e
fevereiro de 2008, foi domiciliar e incluiu 51.747 pessoas da
capital e das cidades vizinhas.
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