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Projeto antinepotismo está parado há 6 anos
Proposta apresentada à Câmara Municipal pelo vereador Carlos Apolinario (DEM) foi considerada inconstitucional
Ao menos 8 vereadores empregam 19 parentes em cargos de confiança, com salários que variam de
R$ 1.106,36 a R$ 6.678,82
EVANDRO SPINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
TALITA BEDINELLI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Um projeto de lei que proíbe
a contratação de parentes na
administração pública de São
Paulo segue engavetado na Câmara Municipal desde 2002.
O projeto, do vereador Carlos
Apolinario (DEM), foi considerado inconstitucional pela Comissão de Constituição e Justiça em 2003 e arquivado. O vereador recorreu, e a comissão
ainda não deu novo parecer.
Apolinario, que emprega a
mulher de um sobrinho em seu
gabinete, disse que não concorda com o projeto. "Apresentei
[o projeto] não porque eu entenda que o parente é um leproso, mas porque existe um
pensamento na sociedade de
que isso é errado", afirmou.
Pelo projeto, parentes em até
sexto grau de qualquer detentor de cargo na administração
municipal ficariam proibidos
de ser contratados para funções de confiança.
Oito vereadores de São Paulo
empregam 19 parentes em cargos de confiança na Câmara
Municipal, com salários que
variam de R$ 1.106,36 a
R$ 6.678,82.
Ontem, a Folha publicou
uma lista de seis vereadores e
11 parentes. O cruzamento dos
sobrenomes dos vereadores
com a lista de servidores publicada no site da Câmara permitiu confirmar ontem novos nomes de parentes contratados.
Abou Anni (PV) e Marta Costa (DEM) empregam, cada um,
três parentes. Anni tem uma
tia e uma prima em seu gabinete e o ex-marido de uma tia
(eles ainda eram casados na
época da contratação) na liderança do PV. Costa emprega o
marido, uma irmã e uma cunhada em seu gabinete.
O maior empregador de parentes é Jooji Hato (PMDB),
que tem um sobrinho e a mulher do sobrinho em seu gabinete, um sobrinho na liderança
do PMDB e uma filha "emprestada" para o vereador Milton
Leite (DEM).
A Folha não conseguiu falar
ontem com Hato e Costa -ele
não respondeu; ela, estava viajando. Anni disse que todos são
qualificados para as funções.
Sonia Barboza, da ONG Voto
Consciente, criticou a contratação de parentes, mas admitiu
que nada pode ser feito porque
a prática não é ilegal.
Para Cláudio Weber Abramo, secretário-executivo da
Transparência Brasil, os vereadores não deveriam sequer ter
o direito de contratar assessor.
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