São Paulo, sábado, 31 de maio de 2008

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Projeto antinepotismo está parado há 6 anos

Proposta apresentada à Câmara Municipal pelo vereador Carlos Apolinario (DEM) foi considerada inconstitucional

Ao menos 8 vereadores empregam 19 parentes em cargos de confiança, com salários que variam de R$ 1.106,36 a R$ 6.678,82

EVANDRO SPINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

TALITA BEDINELLI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Um projeto de lei que proíbe a contratação de parentes na administração pública de São Paulo segue engavetado na Câmara Municipal desde 2002.
O projeto, do vereador Carlos Apolinario (DEM), foi considerado inconstitucional pela Comissão de Constituição e Justiça em 2003 e arquivado. O vereador recorreu, e a comissão ainda não deu novo parecer.
Apolinario, que emprega a mulher de um sobrinho em seu gabinete, disse que não concorda com o projeto. "Apresentei [o projeto] não porque eu entenda que o parente é um leproso, mas porque existe um pensamento na sociedade de que isso é errado", afirmou.
Pelo projeto, parentes em até sexto grau de qualquer detentor de cargo na administração municipal ficariam proibidos de ser contratados para funções de confiança.
Oito vereadores de São Paulo empregam 19 parentes em cargos de confiança na Câmara Municipal, com salários que variam de R$ 1.106,36 a R$ 6.678,82.
Ontem, a Folha publicou uma lista de seis vereadores e 11 parentes. O cruzamento dos sobrenomes dos vereadores com a lista de servidores publicada no site da Câmara permitiu confirmar ontem novos nomes de parentes contratados.
Abou Anni (PV) e Marta Costa (DEM) empregam, cada um, três parentes. Anni tem uma tia e uma prima em seu gabinete e o ex-marido de uma tia (eles ainda eram casados na época da contratação) na liderança do PV. Costa emprega o marido, uma irmã e uma cunhada em seu gabinete.
O maior empregador de parentes é Jooji Hato (PMDB), que tem um sobrinho e a mulher do sobrinho em seu gabinete, um sobrinho na liderança do PMDB e uma filha "emprestada" para o vereador Milton Leite (DEM).
A Folha não conseguiu falar ontem com Hato e Costa -ele não respondeu; ela, estava viajando. Anni disse que todos são qualificados para as funções.
Sonia Barboza, da ONG Voto Consciente, criticou a contratação de parentes, mas admitiu que nada pode ser feito porque a prática não é ilegal.
Para Cláudio Weber Abramo, secretário-executivo da Transparência Brasil, os vereadores não deveriam sequer ter o direito de contratar assessor.


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