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Laboratórios dizem que conduta é rigorosa
Para entidades, relação com médico é correta e abusos já são punidos
Associação da indústria farmacêutica e o Conselho Federal de Medicina vão revisar código de conduta
DE SÃO PAULO
As entidades que representam as indústrias farmacêuticas nacionais e internacionais avaliam que seus códigos de conduta são rigorosos e que já vêm sendo cumpridos pelos laboratórios.
O código de ética da Interfarma (Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa) veta, por exemplo, o financiamento de eventos médicos em resorts e viagens de
primeira classe para participação em congressos.
"Temos uma comissão de
ética que, quando vê problemas, pune", afirma Antônio
Britto Filho, presidente da Interfarma.
A entidade reúne 29 laboratórios, a maioria multinacionais, que representam
54% do mercado brasileiro
de medicamentos.
De acordo com ele, a entidade se juntou ao CFM (Conselho Federal de Medicina)
para revisar o código de conduta, que está em vigor há
dois anos.
"Para nós é essencial que
essa relação fique dentro do
campo ético. É claro que existem desvios. Mas de onde
eles vêm? De que tipo de médico e de indústria estamos
falando?, questiona Britto Filho, da Interfarma.
CONFIANÇA
A Alanac (Associação dos
Laboratórios Farmacêuticos
Nacionais) diz que segue as
resoluções da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância
Sanitária), do CFM e de um
código de ética da entidade.
Carlos Alexandre Geyer,
presidente da Alanac, diz
acreditar que a fidelidade do
médico a determinado laboratório esteja mais relacionada à confiança em relação ao
produto do que a eventuais
brindes ou benefícios.
"Não posso aceitar que
uma empresa use o poderio
econômico para subornar
médicos e que os profissionais aceitem isso. A disputa
tem que se dar pela qualidade do produto e na forma como você leva a mensagem ao
médico", diz ele.
EQUIPAMENTOS
Na avaliação de Franco
Pallamolla, presidente da
Abimo (associação que reúne as indústrias de equipamentos médico-hospitalares), é preciso investigar a razão pela qual eventuais médicos aceitem "troca de favores" com a indústria.
"É por má índole ou porque o modelo de remuneração desses profissionais está
ultrapassado?", questiona.
Pallamola defende que, no
caso da indústria de medicamentos, existe um "espaço lícito, mercadológico, que funciona em qualquer segmento
da economia".
"O médico é o nosso cliente", afirma.
Questionado sobre a existência ou não de empresas de
órteses e próteses que pagam
comissões (em média, 20%
do valor do produto) a médicos prescritores, ele diz que o
assunto já foi tema de debates da instituição com planos
de saúde, poder público e entidades de médicos.
"Volta e meia alguém fala,
mas é difícil ter denúncia formal", diz.
Ele afirma que na área de
equipamentos médico-hospitalares o negócio dificilmente é fechado por intermédio de uma única pessoa.
"É toda uma cadeia de profissionais, o que dificulta negócios ilícitos ou antiéticos."
(CLÁUDIA COLLUCCI)
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