São Paulo, segunda-feira, 31 de maio de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Laboratórios dizem que conduta é rigorosa

Para entidades, relação com médico é correta e abusos já são punidos

Associação da indústria farmacêutica e o Conselho Federal de Medicina vão revisar código de conduta

DE SÃO PAULO

As entidades que representam as indústrias farmacêuticas nacionais e internacionais avaliam que seus códigos de conduta são rigorosos e que já vêm sendo cumpridos pelos laboratórios.
O código de ética da Interfarma (Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa) veta, por exemplo, o financiamento de eventos médicos em resorts e viagens de primeira classe para participação em congressos.
"Temos uma comissão de ética que, quando vê problemas, pune", afirma Antônio Britto Filho, presidente da Interfarma.
A entidade reúne 29 laboratórios, a maioria multinacionais, que representam 54% do mercado brasileiro de medicamentos.
De acordo com ele, a entidade se juntou ao CFM (Conselho Federal de Medicina) para revisar o código de conduta, que está em vigor há dois anos.
"Para nós é essencial que essa relação fique dentro do campo ético. É claro que existem desvios. Mas de onde eles vêm? De que tipo de médico e de indústria estamos falando?, questiona Britto Filho, da Interfarma.

CONFIANÇA
A Alanac (Associação dos Laboratórios Farmacêuticos Nacionais) diz que segue as resoluções da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), do CFM e de um código de ética da entidade.
Carlos Alexandre Geyer, presidente da Alanac, diz acreditar que a fidelidade do médico a determinado laboratório esteja mais relacionada à confiança em relação ao produto do que a eventuais brindes ou benefícios.
"Não posso aceitar que uma empresa use o poderio econômico para subornar médicos e que os profissionais aceitem isso. A disputa tem que se dar pela qualidade do produto e na forma como você leva a mensagem ao médico", diz ele.

EQUIPAMENTOS
Na avaliação de Franco Pallamolla, presidente da Abimo (associação que reúne as indústrias de equipamentos médico-hospitalares), é preciso investigar a razão pela qual eventuais médicos aceitem "troca de favores" com a indústria.
"É por má índole ou porque o modelo de remuneração desses profissionais está ultrapassado?", questiona.
Pallamola defende que, no caso da indústria de medicamentos, existe um "espaço lícito, mercadológico, que funciona em qualquer segmento da economia".
"O médico é o nosso cliente", afirma.
Questionado sobre a existência ou não de empresas de órteses e próteses que pagam comissões (em média, 20% do valor do produto) a médicos prescritores, ele diz que o assunto já foi tema de debates da instituição com planos de saúde, poder público e entidades de médicos.
"Volta e meia alguém fala, mas é difícil ter denúncia formal", diz.
Ele afirma que na área de equipamentos médico-hospitalares o negócio dificilmente é fechado por intermédio de uma única pessoa.
"É toda uma cadeia de profissionais, o que dificulta negócios ilícitos ou antiéticos."
(CLÁUDIA COLLUCCI)


Texto Anterior: Quase metade dos médicos receita o que fábrica indica
Próximo Texto: Sedução da indústria começa com estudantes de medicina
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.