São Paulo, terça-feira, 31 de maio de 2011

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Para Justiça, jovem que matou Glauco é incapaz

Juiz absolve Cadu por entender que ele não pode responder por seus atos

Assassino ia à igreja fundada pelo cartunista e que segue os rituais do Santo Daime; ele já está em complexo médico


ESTELITA HASS CARAZZAI
DE CURITIBA

A Justiça Federal decidiu que o assassino confesso do cartunista Glauco Vilas Boas e do filho dele, Raoni, é inimputável -ou seja, não pode responder por seus atos.
Com isso, Carlos Eduardo Sundfeld Nunes, o Cadu, 25, foi absolvido e deverá cumprir internação compulsória em um hospital psiquiátrico.
A decisão, proferida na última sexta-feira, acata parecer do Ministério Público Federal, que, no início do mês, havia entregue à Justiça um laudo apontando que Cadu é esquizofrênico.
Glauco e Raoni foram mortos na madrugada de 12 de março de 2010, quando Cadu invadiu o sítio onde a família vivia, em Osasco (Grande SP), e matou pai e filho.
Cadu frequentava a Igreja Céu de Maria, fundada por Glauco em meados dos anos 1990 e que segue os rituais do Santo Daime, incluindo a ingestão do chá de ayahuasca, planta alucinógena.
O jovem se dizia um profeta e afirmava que sua missão era revelar ao mundo que seu irmão era a reencarnação de Jesus Cristo. Com esse intuito, foi à casa de Glauco na noite em que matou o cartunista e seu filho.
"Ele supunha operar um feito bíblico, movido por alucinações, visões, misticismo e, claro, por uma predisposição genética à esquizofrenia paranoide, a qual foi ganhando musculatura por conta do consumo imoderado de substâncias alucinógenas, do fanatismo religioso e da crença no sobrenatural", afirma, na sentença, o juiz federal Mateus de Freitas Cavalcanti Costa.
O magistrado diz que Cadu, ao praticar o crime, estava "incapaz de entender o caráter ilícito do fato".
A sentença também determina que Cadu cumpra medida de segurança e seja internado por um período mínimo de três anos num hospital psiquiátrico, com possibilidade de prorrogação.
O rapaz já está preso há um ano e dois meses, desde que atirou contra policiais federais na fronteira com o Paraguai ao tentar fugir.
Desde dezembro, Cadu está no Complexo Médico Penal do Paraná, em Pinhais (região metropolitana de Curitiba), onde deve permanecer para terminar de cumprir a medida de segurança.
Cadu era acusado dos homicídios de Glauco e Raoni, além de resistência à prisão, três tentativas de homicídio (contra policiais), porte de arma, roubo, constrangimento ilegal, violação de domicílio e tortura (contra Glauco e sua mulher, Beatriz).
O advogado da família de Glauco não vai recorrer da sentença. O advogado de Cadu não foi encontrado ontem.


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