São Paulo, quarta-feira, 31 de julho de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

COMPORTAMENTO

Deles, 32,3% não usam preservativo; conclusão é de estudo do Unicef feito no Brasil com adolescentes de 12 a 17 anos

32% dos jovens já mantêm relações sexuais

DA REPORTAGEM LOCAL

Pesquisa realizada pelo Unicef com adolescentes entre 12 e 17 anos mostra que 32,8% dos entrevistados já mantêm relações sexuais. Desses, 32,3% nunca usaram preservativo. Apesar de a maioria (51,5%) afirmar que sempre usa camisinha, as consequências do primeiro dado podem ser verificadas no índice de gravidez nessa faixa etária -16,6% responderam ter engravidado alguém ou ter ficado grávida.
A porcentagem dos que declaram manter relações sexuais é maior entre os rapazes: 61%. Já o índice das garotas é de 39%.
Os dados fazem parte de uma ampla pesquisa sobre os adolescentes divulgada ontem pelo Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), no Espaço Criança Esperança, no Jardim Ângela, na zona sul de São Paulo.
Realizada pelo Unicef, a pesquisa "A Voz dos Adolescentes" entrevistou 5.280 jovens de todas as regiões do país. A amostragem é proporcional à população de adolescentes.
Segundo o Censo 2000, 12% do total da população tem entre 12 e 17 anos, o que representa 20,7 milhões de pessoas.
"No meu trabalho com adolescentes, percebo que a questão do uso da camisinha é uma informação difícil de aferir. Mas se metade está usando, ótimo", afirma Patrícia Portela, responsável pelos programas de cidadania de adolescentes do Unicef na Bahia e em Sergipe.
Grávida de cinco meses, M.G.C., 15, faz parte da estatística das jovens mães. "Conhecia os métodos de prevenção, mas a camisinha estourou", conta. Ela se casou e teve o apoio da mãe quando descobriu a gravidez. "Achei que ela fosse ter um ataque, mas ela conversou comigo numa boa", diz.
V.M.O., 16, também está grávida de cinco meses. "Sabia da camisinha, mas usava às vezes."
Segundo ela, a gravidez é bastante comum entre as adolescentes do bairro onde vive, a Vila Remo, também na zona sul.
Já Tatiane Pereira dos Santos, 18, grávida de oito meses, conta que a mãe ficou brava ao saber que ela tinha engravidado aos 17 anos. "Mas, agora, ela está feliz e animada com o primeiro neto."
As três frequentam o clube de mães do projeto Criança Esperança do Jardim Ângela. A ocorrência de gravidez precoce é maior entre as jovens da classe D. Segundo a pesquisa, 20,1% dos casos está nesse extrato social. Na classe A, o índice é de 13,1%.
Entre os jovens que já engravidaram ou que engravidaram alguém, 28,8% tiveram interrupção da gestação, natural ou provocada. Tiveram o bebê 65,06%.

Família
Para 95% dos entrevistados, a família é a instituição mais importante da sociedade. A família é considerada ainda responsável pelo bem-estar e pela garantia dos direitos de 85% dos jovens ouvidos. A maioria, 70%, acredita ainda ser mais feliz quando está ao lado da família.
Moradoras do Capão Redondo, também na zona sul, as irmãs Nália Oliveira Nunes, 15, e Edna Cristina, 12, consideram a família um apoio essencial. "O companheirismo na família é muito importante. A gente se preocupa e não quer que nada aconteça com os nossos irmãos", diz Nália.
(TEREZA NOVAES)


Texto Anterior: Violência: Babá é flagrada espancando três crianças
Próximo Texto: Para 27,1%, Brasil será pior
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.