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TRANSPORTE
Das 42 empresas, só quatro, segundo a prefeitura, fizeram propostas para participar da contratação emergencial de ônibus
Viações ignoram ameaça e mantêm boicote
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
A maioria dos empresários de
ônibus de São Paulo ignorou as
ameaças da prefeita Marta Suplicy e não entregou até ontem à
noite as propostas para participar
da contratação emergencial do
sistema de transporte coletivo, válida pelos próximos seis meses.
Segundo a Secretaria dos Transportes, apenas 4 das 42 viações
que operam desde janeiro haviam
entrado em acordo com a administração petista até as 22h. Os nomes delas não foram divulgados.
O boicote do setor patronal pode levar a prefeitura a assumir a
direção das empresas a partir de
amanhã -hipótese levantada anteontem pelo secretário municipal dos Transportes, Carlos Zarattini, que, assim como Marta, não
quis se manifestar ontem nem
anunciar que medidas de emergência poderá tomar.
A Folha apurou que os empresários duvidam dessa possibilidade porque a administração Marta,
além de deslocar funcionários, teria que assumir as dívidas e pagar
os salários dos motoristas e cobradores já no próximo dia 5
-com gastos de R$ 48 milhões.
A prefeita havia dado um prazo
até as 24h de ontem para que as
empresas entregassem os envelopes. Quem não aceitasse, disse
Marta, estaria fora do sistema.
A prefeitura teve dificuldades
para atrair viações de outras regiões por se tratar de um contrato
de apenas seis meses, que antecede a licitação que vai selecionar
novos operadores por até 25 anos,
a partir de julho de 2003.
Apesar da indefinição sobre
quem controlará a frota a partir
de amanhã, tanto a prefeitura como os empresários dizem que a
circulação dos ônibus está garantida. Os atuais contratos emergenciais venceram no último dia
21, mas as viações aceitam manter
a prestação dos serviços nessa situação enquanto não há acordo.
Os representantes do Transurb
(sindicato das empresas) voltaram a discutir ontem com Marta e
Zarattini medidas que aumentem
a receita dos consórcios.
"A prefeita disse que não é possível. Não estamos enfrentando a
autoridade dela, não estamos descumprindo nenhum contrato. Estamos apenas deixando de participar porque é um problema meramente econômico", afirmou
Sérgio Pavani, presidente do
Transurb, que, às 20h, ainda não
via possibilidade de um acordo.
As viações se dividiram por causa da mudança de remuneração
-nos novos contratos, os pagamentos por custo fixo caem de
65% para 30%; os desembolsos
pela quantidade de passageiros
sobem de 35% para 70%. Os únicos beneficiados com a medida e
que podiam aderir à contratação,
dos oito consórcios, eram os três
das zonas norte e oeste.
"A gente não sabe se alguém vai
aceitar. Se eles quiserem arcar,
problema deles. O Transurb é democrático", disse Pavani, negando um racha com as viações que fechassem acordo com Marta.
Audiência
Apesar dos problemas com a
contratação emergencial, a Secretaria Municipal dos Transportes
confirmava até ontem à noite a
realização de uma audiência pública hoje, às 9h, na Assembléia
Legislativa, para abrir oficialmente os procedimentos de licitação
do novo modelo de transporte.
A primeira audiência foi interrompida por motoristas e cobradores, que tentaram agredir Zarattini e destruíram parte do auditório Elis Regina, no Anhembi.
Uma segunda convocação chegou a ser feita, mas a prefeitura
suspendeu a sua realização por
causa das ameaças de protestos
dos trabalhadores, que temem a
redução da frota e do emprego.
A Secretaria dos Transportes
montou um esquema de segurança para hoje. Os motoristas prometem levar 4.000 manifestantes
para a Assembléia Legislativa
-dos quais 250 devem participar
da apresentação. A presença da
categoria pode prejudicar a saída
de parte dos ônibus das garagens.
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