São Paulo, sábado, 31 de julho de 2004

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TRÂNSITO

Apesar da liberação na área do túnel, via receberá corredor de ônibus à esquerda e bloqueios à direita para aterrar fiação

Rebouças terá mais interdição até novembro

ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL

A avenida Rebouças vai mudar de cara no mês que vem. Acabam no dia 20 as interdições -não as obras- da passagem subterrânea na esquina com a av. Brigadeiro Faria Lima, mas a via ainda será má opção, pelo menos até novembro, para quem quiser escapar dos congestionamentos.
A prefeitura programa para as próximas três semanas a inauguração do corredor exclusivo de ônibus à esquerda, batizado de Passa Rápido Francisco Morato-Consolação, que passará pela Rebouças e ocupará uma de suas três faixas em cada sentido.
Das duas que sobrarem para os demais veículos na maior parte da avenida, uma, a da direta, sofrerá novas interdições durante os próximos três meses, em razão das obras de aterramento da fiação aérea da avenida -com retirada de postes de concreto e instalação de fios subterrâneos-, que a gestão Marta Suplicy prometeu fazer ao Condephaat (conselho estadual de defesa do patrimônio).
Oficialmente, a assessoria de imprensa da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) explica somente que "está negociando com as empresas envolvidas para que essas obras sejam realizadas preferencialmente à noite". A companhia fala na interrupção de meia faixa à direita -mas os técnicos admitem que a meia faixa restante não é suficiente para a passagem de um automóvel.
A Folha apurou que engenheiros da CET ficaram preocupados com os impactos ao trânsito, às vésperas das eleições, já que também serão inevitáveis as interferências no período diurno e a avenida estará numa fase de adaptação do corredor de ônibus. Na prática, das três faixas, só uma ficará totalmente livre em todos os trechos e horas para os carros.
Técnicos da administração petista chegaram a discutir a possibilidade de as obras de aterramento da fiação aérea serem postergadas para 2005. Diante das críticas que sofreria por deixar essa pendência, a prefeitura manteve a decisão de fazer as instalações subterrâneas dos fios em 2004, para que esse trabalho esteja pronto até novembro, junto com a inauguração do túnel na esquina com a Faria Lima.
O corredor de ônibus da Rebouças, com a abertura programada para agosto (a CET cogita fazer a estréia no dia 14), vai beneficiar diretamente 480 mil usuários, segundo a Secretaria Municipal dos Transportes, e terá 10,3 km de extensão -ligando a rua da Consolação, no centro, ao distrito do Campo Limpo, na zona sul.

Exigências
A construção do corredor de ônibus na Rebouças enfrenta desde 2003 resistência e crítica de moradores, que temiam uma decadência da região como a provocada anos atrás na avenida Nove de Julho. Uma liminar obtida pelo vereador Gilberto Natalini (PSDB) chegou a suspender as obras sob a alegação de que, por passar dentro dos Jardins, bairro tombado, os impactos do projeto teriam de ser analisados pelo Condephaat, para não descaracterizar a área.
O aterramento da fiação aérea, a padronização das calçadas, a regulação da publicidade e um projeto de arborização foram medidas exigidas pelo conselho para que a obra pudesse continuar.
A presidente do Movimento Rebouças Viva, Fernanda Bandeira de Mello, condena a inauguração do corredor antes da realização dessas compensações, que, diz ela, estão longe da conclusão.
A Emurb (Empresa Municipal de Urbanização) afirma que não há atraso, já que entregou ao Condephaat um cronograma com prazos de até dois anos. Ela reconhece, porém, que haverá estreitamento de calçadas entre a Pedroso de Moraes e a Faria Lima -outra crítica de moradores e comerciantes. A empresa alega que a largura de 2,5 metros que será mantida é suficiente para a circulação de pedestres.
O presidente do Condephaat, José Roberto Melhem, diz que a preocupação maior é garantir não apenas que a prefeitura faça essas compensações, "mas que faça do jeito certo", "como ficou combinado". Ele cita as árvores que precisam ser colocadas nas calçadas ("e não só no canteiro central") e a importância de a fiação aérea ser removida e instalada de forma que permita, no subterrâneo, a manutenção desses sistemas.


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