São Paulo, quinta-feira, 31 de julho de 2008

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Homicídios caem em SP, mas PM mata mais

No primeiro semestre, número de assassinatos caiu 13% no Estado; mortes causadas por policiais em serviço subiram 21,2%

Casos de roubo e latrocínio aumentaram no período; pesquisador credita queda nos homicídios ao maior investimento do Estado


JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL

O número de homicídios dolosos manteve no semestre passado a tendência de queda verificada no Estado de São Paulo desde 1999, segundo dados divulgados ontem pelo governo José Serra (PSDB).
A comparação com o mesmo período do ano passado, no entanto, revela que a Polícia Militar está matando mais e que houve pequeno aumento nos roubos e latrocínios.
O Estado registrou 2.183 assassinatos no primeiro semestre, uma redução de 13% em relação a igual período de 2007, quando houve 2.509 casos. A redução foi uniforme, tanto em São Paulo como no interior.
Na cidade de São Paulo, o número de assassinatos caiu de 777 para 630, enquanto no interior do Estado decresceu de 1.011 para 884 casos.
As demais cidades da região metropolitana também acompanham a tendência, com 52 registros a menos neste ano.
Outro dado positivo da estatística: o número deste ano representa menos da metade das 4.521 mortes ocorridas entre janeiro e junho de 2004.
O número de mortes por PMs em serviço passou de 170 para 206 (21,2% a mais), na comparação entre o primeiro semestre de 2007 e o de 2008.
São muitos casos, mas bem abaixo das 290 mortes atribuídas a policiais militares em 2006, ano em que a PM reagiu aos ataques da facção criminosa PCC. Quatro anos atrás, o número de mortos por PMs no primeiro semestre foi de 254.
A quantidade de policiais militares mortos durante o expediente se manteve em 12 casos. No mesmo período de 2006, foram 19 casos de policiais assassinados.

Latrocínios
Os casos de latrocínios (roubo seguido de morte) voltaram a subir no período analisado, de 113 para 125, mas continuam abaixo dos anos anteriores. Em 2005, houve 174 nos primeiros seis meses do ano.
Embora haja uma linha decrescente dos casos mais violentos, o Estado de São Paulo ainda não conseguiu combater com a mesma eficiência os chamados crimes contra o patrimônio, os roubos e furtos.
Os casos de roubo, por exemplo, saltaram de 109.686 para 113.103 entre o ano passado e este ano, quase voltando aos mesmos patamares de 2004, quando no primeiro semestre houve 112.584 ocorrências.
Os furtos, quando não há ameaça à vítima, caíram de 269.027 para 262.649 casos, mas em um ritmo bem menor do que o dos assassinatos.
Para o pesquisador Cláudio Beato, da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), os dados confirmam resultados da política de segurança pública que vem sendo implantada no Estado, com mais investimentos do governo paulista.
Beato credita parte da queda de crimes violentos à apreensão de armas ilegais e ao número de criminosos presos pela polícia de São Paulo. A polícia paulista é conhecida como a que mais prende no país.
Somente no primeiro semestre a polícia tirou de circulação 10.377 armas, contra 12,2 mil no mesmo período de 2007. Também foram presas até junho 26.302 pessoas, entre casos de flagrante e de mandados.


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