São Paulo, quinta-feira, 31 de julho de 2008

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Hospital público de SP terá programa de doação de óvulos

Pérola Byington lança projeto inédito que vai atender a mulheres já cadastradas no local para reprodução assistida

Pacientes acima de 40 anos com dificuldades de ovular receberão óvulos de outras mais jovens que sofrem com outro tipo de infertilidade


CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL

O hospital Pérola Byington, de São Paulo inicia na próxima semana um programa de doação de óvulos inédito em hospitais públicos no Estado. Mulheres acima de 40 anos com dificuldades de ovular receberão óvulos de outras mais jovens que sofrem com outro tipo de infertilidade, como trompas obstruídas durante fertilização in vitro (FIV).
Nas clínicas privadas, o tratamento -que chega a custar R$ 20 mil- já é rotina.
O Pérola, um dos únicos do país a oferecer reprodução assistida totalmente gratuita, tem hoje uma fila de espera de 1.500 mulheres, das quais 400 acima de 40 anos.
Algumas delas ingressaram no serviço ainda na faixa dos 30 anos, mas a demora para conseguir o tratamento (que chega a quatro anos) fez com que as chances de gravidez com seus próprios óvulos diminuíssem muito. Outras mulheres já ingressaram na fila após os 40.
Aos 42 anos, por exemplo, quase 90% dos óvulos estão inviáveis para reprodução por alterações no processo de divisão celular, segundo pesquisa do Centro de Controle de Doenças dos EUA. Quando um óvulo de má qualidade é fecundado, há mais chances de o feto sofrer um aborto ou de o bebê nascer com defeitos genéticos.
Chamado de Doação Compartilhada, o programa do Pérola envolverá apenas mulheres já cadastradas no hospital. Segundo a coordenadora do projeto, a médica Nilca Donadio, serão localizadas na fila todas as mulheres abaixo de 35 anos que estão dispostas a doar parte de seus óvulos.
Em um ciclo menstrual normal, a mulher produz um óvulo. Com o tratamento hormonal, as mais jovens costumam produzir vários deles, suficientes para seu próprio tratamento e o de outra mulher.
Nonadio explica que, a partir do consentimento da doadora, a equipe buscará no sistema pacientes receptoras que possuam a mesma etnia e o mesmo tipo sangüíneo da doadora.
As duas pacientes passarão, então, por uma série de exames com a finalidade de identificar doenças como HIV, hepatite e sífilis e problemas genéticos graves. Ambas serão submetidas a avaliações psicológicas. No processo, a herança genética do bebê gerado pela receptora será da doadora.
Para Donadio, a principal vantagem de a mulher doar parte dos óvulos será a possibilidade de "encurtar" o tempo de espera da fila. O critério hoje é cronológico.
O hospital criou ambulatórios específicos para atender às doadoras e receptoras separadamente. Uma resolução do Conselho Federal de Medicina exige anonimato nas doações.


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