São Paulo, sábado, 31 de julho de 2010

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Júri condena 4 policiais pela morte de deficiente

Réus são acusados de integrar grupo de extermínio que corta cabeça da vítima

Pena foi fixada em 18 anos e oito meses para cada um; advogado de defesa pretende pedir anulação do julgamento

ANDRÉ CARAMANTE
DE SÃO PAULO

Os policiais militares Rodolfo da Silva Vieira, Moisés Alves Santos, Joaquim Aleixo Neto e Anderson dos Santos Sales foram condenados ontem pelo Tribunal do Júri a 18 anos e oito meses de prisão pela morte de Antonio Carlos Silva Alves, 31.
Conhecido como Carlinhos, o morto era deficiente mental e foi sequestrado pelos quatro PMs em 8 de outubro de 2008, no Jardim Capela (zona sul de São Paulo).
O corpo, decapitado e sem as mãos, foi achado no dia seguinte, numa área de despejo de cadáveres em Itapecerica da Serra (Grande SP).
A hipótese da Polícia Civil e da Promotoria é que, numa abordagem dos quatro PMs, Carlinhos não tenha conseguido falar direito. Sem saber da deficiência, os policiais teriam interpretado como gozação e decidido matá-lo.
Com mais cinco PMs, os quatro condenados são acusados de integrar o grupo de extermínio Os Highlanders, assim chamado porque 5 das 12 supostas vítimas foram decapitadas. A Folha revelou a existência do grupo no dia 23 de outubro de 2008.
O julgamento dos quatro policiais militares, no fórum de Itapecerica da Serra, durou pouco mais de 16 horas.
Os PMs foram condenados por homicídio duplamente qualificado -por motivo torpe e pela impossibilidade de defesa da vítima. "Foi uma pena justa", afirmou o promotor Vitor Petri.
Durante a leitura da sentença pelo juiz Antonio Augusto Galvão de França Hristov, os PMs e seus parentes choraram bastante. A mãe de Carlinhos, Maria da Conceição dos Santos, se ajoelhou.
A previsão é a de que os PMs ficarão em regime fechado por até sete anos e meio para só depois pedirem progressão para o regime semiaberto. Como estão presos desde janeiro de 2009, terão mais seis anos na cadeia.
Depois de ser derrotado no júri, o advogado Celso Vendramini disse que pedirá a anulação do julgamento dos policiais porque o promotor Petri descumpriu, segundo ele, uma ordem do juiz.
Na fase dos debates, o promotor segurou uma camiseta com a foto de Carlinhos que, no início do julgamento, era usada por um dos parentes da vítima. O juiz havia ordenado aos familiares que tirassem as camisetas com a foto.


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