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SAÚDE
Desde 1994, é a primeira vez que o índice de pessoas infectadas pelo mosquito Aedes aegypti diminui no país
Combate à dengue reduz em 81% o número de casos no 1º semestre
DANIELA FALCÃO
da Sucursal de Brasília
Os casos de dengue registrados
no país entre janeiro e junho deste
ano caíram 81,4% em relação ao
mesmo período de 98. É a primeira vez desde 1994 que o número
de pessoas contaminadas pela
doença pára de crescer.
Nos primeiros seis meses de 99,
pelo menos 80.253 pessoas foram
infectadas pelo Aedes aegypti,
mosquito que transmite a dengue. No mesmo período do ano
passado, 432,5 mil pessoas haviam sido contaminadas.
Os dados são do Ministério da
Saúde e foram obtidos com exclusividade pela Folha.
Apesar de a redução de 81,4%
ser uma boa notícia, o controle da
dengue no país ainda está longe
de ser realidade (ver textos nesta
página).
A marca de 80,2 mil casos registrados até 30 de junho passado
ainda é superior aos 72 mil do primeiro semestre de 96 e a todos os
casos registrados em 94: 56 mil.
"A gente sabe que ainda não
venceu a dengue, 80 mil casos é
um número muito alto. Não é hora de fazer oba-oba. Se dormirmos no ponto, a doença voltará
com virulência", afirma o ministro da Saúde, José Serra.
Erradicação
Depois de ter erradicado o Aedes aegypti na década de 80, o
Brasil assistiu ao ressurgimento
da doença a partir de 90. Até 94, a
dengue estava restrita a Estados
isolados das regiões Sudeste e
Nordeste.
Em 1995, a situação se agravou e
a dengue passou a crescer sem
controle. De janeiro a dezembro
foram registrados 128,6 mil casos
-um crescimento de 129,6% em
relação a 94.
Mesmo com os sinais de alerta
de 95, o governo demorou a agir.
Embora o presidente Fernando
Henrique Cardoso tenha anunciado em março de 96 que o combate ao Aedes aegypti seria prioridade em seu governo, o plano de
erradicação do mosquito só saiu
do papel um ano e três meses
mais tarde.
Sem saneamento
Além do atraso na liberação das
verbas, o combate ao mosquito
foi prejudicado por sucessivas
mudanças no plano.
Em vez dos R$ 4,3 bilhões que
seriam investidos de 97 a 99 em
ações de saneamento, combate
químico ao mosquito e campanhas educacionais, o governo optou por um plano mais modesto e
barato.
As ações de saneamento foram
deixadas de lado e o combate ao
mosquito ficou restrito aos outros dois itens.
O resultado foi desastroso. Em
97, a dengue já era epidemia nacional, atingindo 254,9 mil pessoas. Apesar de os recursos começarem a ser liberados regularmente a partir de julho daquele
ano, 98 foi ainda pior, com 529,4
mil pessoas infectadas.
Lição
A demora na liberação dos recursos para a dengue em 97 e as
alterações feitas no plano levaram
à demissão do presidente da Fundação Nacional da Saúde à época,
Edmundo Juarez, e também contribuíram para o pedido de demissão do ex-ministro Adib Jatene.
Na avaliação de Serra, a lição
que fica com a explosão da dengue é que "deixar um problema
de saúde se prolongar" para conter gastos é sempre mais custoso
para o país.
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