São Paulo, Sábado, 31 de Julho de 1999
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DESLOCADO
Hoje ele cuida de uma creche em São Paulo
Neurocirurgião não quer integrar unidade

da Reportagem Local

O neurocirurgião Jair Urbano da Silva, 47, não quis participar do PAS quando o sistema foi criado, em 96. Urbano, que trabalhava no Hospital Jabaquara, hoje cuida de uma creche na Cidade Ademar (zona sul). Ele não pensa em integrar uma Unidade Básica de Saúde. "Prefiro continuar onde estou."
Exemplos como esse mostram a dificuldade que a Secretaria Municipal da Saúde enfrentará para recuperar os 12.251 funcionários que estão em desvio de função porque se negaram a aderir ao PAS. Segundo o secretário Pagura, todos serão convocados para assumir postos nas Unidades Básicas de Saúde que deixam de ser administradas por cooperativas para voltarem à gestão direta da prefeitura. Até o final do ano, 70 UBSs estarão nessa condição. "Os servidores estão sendo chamados gradualmente e são obrigados a voltar", diz.
Resposta de Silva: "O que um neurocirurgião vai fazer em um posto de saúde? Voltaria correndo para ser neurocirurgião de um pronto-socorro ou de um hospital", diz.
Ele acha que o novo sistema não muda a sua situação. "Eu e outros médicos temos mão-de-obra superespecializada e vamos continuar sem exercer a nossa especialidade. Isso é desperdício de mão-de-obra."
Em 96, quando não aceitou integrar o PAS, Urbano foi transferido para a Usina de Asfalto Barra Funda, onde ficou seis meses, trabalhando como médico do trabalho. Depois, foi para a Secretaria de Administração. "Fui participar de um projeto de criação de um laboratório que nunca se concretizou", diz.
Hoje, Urbano presta assistência, em 20 horas semanais, às crianças e aos funcionários da creche. "Faço um trabalho ambulatorial", diz. Ele exerce sua função como neurocirurgião em seu consultório particular e em hospitais privados.


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