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SENTIMENTO DO PAI
"Para vê-lo assim, prefiro que morra"
DA FOLHA RIBEIRÃO
Jeson de Oliveira sabe que a eutanásia é uma prática proibida no
país, mas disse que buscará na
Justiça, "custe o que custar", uma
autorização para terminar com o
sofrimento de seu filho.
Disse ainda que "atirar pedras é
fácil", em resposta às críticas que
recebeu da Igreja Católica e de entidades como a OAB e o Cremesp.
Leia a seguir os principais trechos
da entrevista.
Folha - Qual a razão de o senhor
ter tomado a decisão de ir à Justiça
pedir a eutanásia?
Jeson de Oliveira - Algumas pessoas estão me crucificando, mas
elas não sabem o que estou passando, o que estou sentindo e a situação real da criança. Tomei essa
decisão e não vou mudá-la.
Folha - Há três meses o senhor
não visita seu filho. Por quê?
Oliveira - Foi por questão emocional. Eu não tenho mais força
para vê-lo. As pessoas não sabem
a dor que estou passando.
Folha - A eutanásia é proibida no
país. Como o senhor pretende conseguir a autorização?
Oliveira - Eu sei que isso é proibido no Brasil, mas estou bem decidido e não vou mudar minha opinião sobre isso, doa a quem doer.
E quem "está doendo" nesse momento é só o meu filho, ninguém
mais "está se doendo".
Folha - A igreja e entidades condenam sua intenção...
Oliveira - Atirar pedras é fácil. O
garoto em um mês corria perfeitamente e, no outro, começou a
bambear as pernas. No outro ele
parou de falar, depois de comer e
enxergar. Eu entrei em desespero.
Folha - Essa discussão causou a
separação de sua mulher?
Oliveira - Houve problemas,
mas eu não vou crucificá-la porque ela é uma boa mãe.
Folha - Nada pode fazer o senhor
mudar de opinião?
Oliveira - Se alguém achar que
existe 0,001% de chance de encontrar um caminho, que me mostre.
Para ver meu filho jogado num
canto do hospital, prefiro que
morra. Se aparecer esse 0,001%,
eu posso até bloquear a ação.
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