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Projeto autoriza a cobrança de pedágio dentro das cidades
Proposta do governo Lula também prevê reajuste de tarifa de ônibus como nas rodovias, de acordo com índice de inflação
Idéia é definir regras para o setor de transporte, mas o pacote ainda precisa ser votado no Congresso, o que não deve ocorrer neste ano
LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O anteprojeto de lei da Política de Mobilidade Urbana, apresentado ontem pelo governo federal em Brasília, abre brecha
para que os municípios implementem pedágios urbanos e
adotem restrições de circulação de veículos em determinados locais e horários, além de
permitir convênios para que
ocorra o combate ao transporte
ilegal de passageiros.
A proposta prevê ainda uma
nova forma de reajuste da tarifa
de transporte coletivo urbano.
Os aumentos, com periodicidade mínima de um ano, seriam
baseados na variação de índices
de preços ao consumidor
preestabelecidos nos contratos
com as empresas.
Atualmente, na maioria dos
casos, o reajuste é estabelecido
com base em planilha de custos
das prestadoras de serviço.
Segundo o secretário nacional de Transporte e Mobilidade, José Carlos Xavier, do Ministério das Cidades, essa forma de cobrança beneficiaria
não só as empresas como os
usuários, que não sofreriam
com grandes impactos no preço da passagem.
O texto do anteprojeto foi
discutido ontem no Conselho
das Cidades. Passará por adequações e será encaminhado à
Casa Civil, de onde seguirá para
o Congresso provavelmente até
o final do ano. Para entrar em
vigor, dependerá de aprovação
dos parlamentares, o que não
deve acontecer em 2006.
Pela proposta em discussão,
os municípios poderão aplicar
tarifas sobre a infra-estrutura
com o objetivo de desestimular
o uso de determinados meios
de transporte, abrindo a brecha
para o pedágio nas cidades, por
exemplo. O anteprojeto autoriza a adoção da medida, cabendo
a cada município a decisão de
implantá-la ou não.
Para o ministro das Cidades,
Márcio Fortes, o objetivo da
proposta é fixar regras claras
para o setor, definindo o papel
de cada governo -federal, estaduais e municipais.
A responsabilidade pela regulamentação dos serviços de
transporte urbano continua
sendo das prefeituras.
O que a nova legislação faz é
deixar claras as ações que os
municípios podem adotar para
evitar questionamentos judiciais. O secretário Xavier lembra que São Paulo, por exemplo, já adota as faixas exclusivas
para ônibus municipais, mas
que houve casos em que as prefeituras tiveram a medida contestada na Justiça.
A proposta incentiva o uso de
meios de transporte não-poluentes, como a adoção de ciclovias, e prevê a interação com
o desenvolvimento urbano.
Outro ponto é a fixação de metas de qualidade e desempenho
das empresas nas licitações.
Paralelo a esse debate, o governo analisa a possibilidade de
conceder subsídios para reduzir as tarifas de ônibus municipais pagas por usuários de
grandes cidades. A definição
sobre esse tema deve sair só
após a eleição de outubro.
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