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Promotor atuará onde sua vítima morou
Thales Ferri Schoedl assumirá suas funções em Jales, onde Diego Mendes viveu com a família; moradores já preparam protesto
Manifestação ocorrerá na
Câmara, e abaixo-assinado
contrário à chegada dele
está sendo feito; promotor
confessou ter matado rapaz
JOSÉ EDUARDO RONDON
DA AGÊNCIA FOLHA
O promotor Thales Ferri
Schoedl -que confessou ter
matado Diego Mendes Modanez, alegando legítima defesa-
trabalhará em Jales (585 km da
capital paulista), cidade onde a
vítima viveu com a família na
década de 1990. A transferência
de Schoedl para atuar no Ministério Público Estadual no
município já é alvo de protesto
dos moradores.
O promotor assumirá suas
funções assim que a decisão do
Órgão Especial do Colégio de
Procuradores do Ministério
Público for publicada no "Diário Oficial" do Estado.
Anteontem, o órgão decidiu,
por diferença de apenas um voto, pela vitaliciedade de
Schoedl no cargo. Com isso, ele
não irá a júri popular, como
ocorre normalmente, e será julgado pelo Órgão Especial do
Tribunal de Justiça.
O assassinato ocorreu em dezembro de 2004, quando o promotor matou a tiros o atleta
Diego Mendes Modanez, 20, e
feriu Felipe Cunha de Souza na
saída de um luau na Riviera de
São Lourenço (Bertioga, litoral
paulista). Schoedl foi preso horas depois, mas ganhou o direito de responder em liberdade.
Segundo a defesa do promotor, os jovens ameaçaram agredi-lo após terem feito insinuações sobre sua namorada.
Protesto
Um ato de repúdio contra a
presença dele em Jales está
previsto para segunda-feira. A
presidente da Câmara Municipal, Aracy Cardozo (PT), disse
que, no plenário da Casa, será
feita uma manifestação contra
a chegada do promotor. Segundo ela, a "cidade inteira" será
contra a permanência de
Schoedl em Jales.
"No meu ponto de vista, Jales
está sendo um castigo para esse
senhor. Agora, o castigo para
nós é duplicado. Porque além
de vir uma pessoa que sabemos
o que fez, que deveria ao menos
estar afastada de suas funções,
somos da cidade da família do
rapaz. O descontentamento é
grande", afirmou Cardozo.
A aposentada Moema Silva,
72, disse que até a tarde de ontem já havia coletado cerca de
500 assinaturas de moradores
de Jales contrários à chegada
do promotor. Ela afirmou que
irá encaminhar o documento
ao Ministério Público.
"Nós, como cidadãos, repudiamos a vinda do promotor, já
que sua presença causará um
sentimento de desconforto, inconstância e intranqüilidade à
população", diz um trecho do
texto do abaixo-assinado.
O presidente da OAB em Jales, Guilherme Soncini da Costa, classificou a ida do promotor para a cidade de "inconveniente". "A vítima morou aqui
dois anos. O pai morou aqui. Há
consternação por parte dos
amigos", afirmou Soncini.
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