São Paulo, sexta-feira, 31 de agosto de 2007

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Promotor atuará onde sua vítima morou

Thales Ferri Schoedl assumirá suas funções em Jales, onde Diego Mendes viveu com a família; moradores já preparam protesto

Manifestação ocorrerá na Câmara, e abaixo-assinado contrário à chegada dele está sendo feito; promotor confessou ter matado rapaz

JOSÉ EDUARDO RONDON
DA AGÊNCIA FOLHA

O promotor Thales Ferri Schoedl -que confessou ter matado Diego Mendes Modanez, alegando legítima defesa- trabalhará em Jales (585 km da capital paulista), cidade onde a vítima viveu com a família na década de 1990. A transferência de Schoedl para atuar no Ministério Público Estadual no município já é alvo de protesto dos moradores.
O promotor assumirá suas funções assim que a decisão do Órgão Especial do Colégio de Procuradores do Ministério Público for publicada no "Diário Oficial" do Estado.
Anteontem, o órgão decidiu, por diferença de apenas um voto, pela vitaliciedade de Schoedl no cargo. Com isso, ele não irá a júri popular, como ocorre normalmente, e será julgado pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça.
O assassinato ocorreu em dezembro de 2004, quando o promotor matou a tiros o atleta Diego Mendes Modanez, 20, e feriu Felipe Cunha de Souza na saída de um luau na Riviera de São Lourenço (Bertioga, litoral paulista). Schoedl foi preso horas depois, mas ganhou o direito de responder em liberdade.
Segundo a defesa do promotor, os jovens ameaçaram agredi-lo após terem feito insinuações sobre sua namorada.

Protesto
Um ato de repúdio contra a presença dele em Jales está previsto para segunda-feira. A presidente da Câmara Municipal, Aracy Cardozo (PT), disse que, no plenário da Casa, será feita uma manifestação contra a chegada do promotor. Segundo ela, a "cidade inteira" será contra a permanência de Schoedl em Jales.
"No meu ponto de vista, Jales está sendo um castigo para esse senhor. Agora, o castigo para nós é duplicado. Porque além de vir uma pessoa que sabemos o que fez, que deveria ao menos estar afastada de suas funções, somos da cidade da família do rapaz. O descontentamento é grande", afirmou Cardozo.
A aposentada Moema Silva, 72, disse que até a tarde de ontem já havia coletado cerca de 500 assinaturas de moradores de Jales contrários à chegada do promotor. Ela afirmou que irá encaminhar o documento ao Ministério Público.
"Nós, como cidadãos, repudiamos a vinda do promotor, já que sua presença causará um sentimento de desconforto, inconstância e intranqüilidade à população", diz um trecho do texto do abaixo-assinado.
O presidente da OAB em Jales, Guilherme Soncini da Costa, classificou a ida do promotor para a cidade de "inconveniente". "A vítima morou aqui dois anos. O pai morou aqui. Há consternação por parte dos amigos", afirmou Soncini.

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