São Paulo, sexta-feira, 31 de agosto de 2007

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"É preciso ter respeito pela vida", diz procurador-geral

ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Para o procurador-geral de Justiça do Estado de São Paulo, Rodrigo César Rebello Pinho, o Ministério Público de São Paulo está dividido com a decisão do Órgão Especial da instituição em manter o promotor Thales Ferri Schoedl no cargo.
"A instituição encontra-se dividida. Boa parte dos promotores não compreende a razão da decisão e discorda, principalmente aqueles que atuam na plenária do [Tribunal] do Júri", afirmou Pinho, um dos principais defensores do afastamento de Schoedl.
É no Tribunal do Júri que são julgados os crimes de morte, como o cometido por Schoedl, que alegou legítima defesa.
"Uma instituição [Ministério Público] que tem a grave missão de acusar os outros precisa também ter uma postura pautada pela ética e pelo respeito aos direitos fundamentais, e, dentre eles, o principal é a vida", continuou Pinho.
Ao ser questionado se a decisão favorável a Schoedl causou algum tipo de enfraquecimento na sua atuação à frente do Ministério Público paulista, Pinho disse: "A Procuradoria Geral jamais encarou essa questão como política. Isso é uma questão técnica, porque precisamos evidenciar ou não a permanência do colega na carreira".
Nos bastidores do Ministério Público, aliados políticos ou não de Pinho acreditam que a decisão de manter Schoedl no cargo e colocá-lo na ativa em Jales (585 km de SP) será derrubada assim que a família do jovem morto a tiros por ele, Diego Mendes Modanez, recorrer ao CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público).
No Órgão Especial do Ministério Público, formado por 42 procuradores de Justiça, Pinho tem, se muito, sete aliados. Sua maior força para conduzir a instituição está na base.
Mantido no cargo, Schoedl, até uma possível nova decisão, terá direito ao salário mensal de R$ 10.500 e de não sentar no banco dos réus como acontece com os acusados de crimes de morte -que enfrentam o Tribunal do Júri e são condenados ou absolvidos por sete representantes da sociedade civil.
Schoedl será julgado pelo Órgão Especial do Tribunal de Justiça. Ele é formado por 25 membros: o presidente da instituição, 12 desembargadores mais antigos e 12 eleitos.
Na defesa de Schoedl, assinada por Rodrigo Otávio Bretas Marzagão e Luís Felipe Bretas Marzagão -todos ligados ao atual secretário da Segurança Pública de São Paulo, Ronaldo Augusto Bretas Marzagão, ex-defensor de Schoedl-, consta: "O réu lamenta imensamente o ocorrido, que afetou sua vida de forma profunda, mas a prova dos autos é contundente no sentido de que ele agiu apenas com o ânimo de se defender" e que três tiros dados pelo promotor "foram deflagrados em regiões não letais".
Schoedl alegou que disparou 12 tiros porque ele e a namorada foram ameaçados por Modanez e pelo amigo dele, Felipe Siqueira Cunha de Souza (que levou quatro tiros). Modanez e Souza foram feridos no peito.

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