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"É preciso ter respeito pela vida", diz procurador-geral
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Para o procurador-geral de
Justiça do Estado de São Paulo,
Rodrigo César Rebello Pinho, o
Ministério Público de São Paulo está dividido com a decisão
do Órgão Especial da instituição em manter o promotor
Thales Ferri Schoedl no cargo.
"A instituição encontra-se
dividida. Boa parte dos promotores não compreende a razão
da decisão e discorda, principalmente aqueles que atuam na
plenária do [Tribunal] do Júri",
afirmou Pinho, um dos principais defensores do afastamento
de Schoedl.
É no Tribunal do Júri que são
julgados os crimes de morte,
como o cometido por Schoedl,
que alegou legítima defesa.
"Uma instituição [Ministério
Público] que tem a grave missão de acusar os outros precisa
também ter uma postura pautada pela ética e pelo respeito
aos direitos fundamentais, e,
dentre eles, o principal é a vida", continuou Pinho.
Ao ser questionado se a decisão favorável a Schoedl causou
algum tipo de enfraquecimento
na sua atuação à frente do Ministério Público paulista, Pinho
disse: "A Procuradoria Geral jamais encarou essa questão como política. Isso é uma questão
técnica, porque precisamos
evidenciar ou não a permanência do colega na carreira".
Nos bastidores do Ministério
Público, aliados políticos ou
não de Pinho acreditam que a
decisão de manter Schoedl no
cargo e colocá-lo na ativa em
Jales (585 km de SP) será derrubada assim que a família do
jovem morto a tiros por ele,
Diego Mendes Modanez, recorrer ao CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público).
No Órgão Especial do Ministério Público, formado por 42
procuradores de Justiça, Pinho
tem, se muito, sete aliados. Sua
maior força para conduzir a
instituição está na base.
Mantido no cargo, Schoedl,
até uma possível nova decisão,
terá direito ao salário mensal
de R$ 10.500 e de não sentar no
banco dos réus como acontece
com os acusados de crimes de
morte -que enfrentam o Tribunal do Júri e são condenados
ou absolvidos por sete representantes da sociedade civil.
Schoedl será julgado pelo Órgão Especial do Tribunal de
Justiça. Ele é formado por 25
membros: o presidente da instituição, 12 desembargadores
mais antigos e 12 eleitos.
Na defesa de Schoedl, assinada por Rodrigo Otávio Bretas
Marzagão e Luís Felipe Bretas
Marzagão -todos ligados ao
atual secretário da Segurança
Pública de São Paulo, Ronaldo
Augusto Bretas Marzagão, ex-defensor de Schoedl-, consta:
"O réu lamenta imensamente o
ocorrido, que afetou sua vida de
forma profunda, mas a prova
dos autos é contundente no
sentido de que ele agiu apenas
com o ânimo de se defender" e
que três tiros dados pelo promotor "foram deflagrados em
regiões não letais".
Schoedl alegou que disparou
12 tiros porque ele e a namorada foram ameaçados por Modanez e pelo amigo dele, Felipe Siqueira Cunha de Souza (que levou quatro tiros). Modanez e
Souza foram feridos no peito.
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