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Polícia encontra refinaria de cocaína em favela do Rio
Laboratório tinha capacidade para refinar até 750 quilos da droga por mês e rendia aos traficantes R$ 2 milhões, diz a polícia
Instalação do laboratório é atribuída ao traficante Saulo de Sá Silva, que está foragido da Justiça; oito pessoas foram detidas
MÁRCIA BRASIL
DA SUCURSAL DO RIO
A polícia do Rio de Janeiro
localizou ontem no alto da Rocinha, na zona sul da cidade, o
primeiro laboratório de refino
de cocaína em uma favela dominada pelo tráfico. Segundo
os policiais, trata-se da refinaria com maior capacidade de
produção de droga encontrado
no país, capaz de refinar até 750
quilos por mês.
Com a produção própria a
partir de pasta-base de cocaína,
contrabandeada da Bolívia, o
lucro com o tráfico na Rocinha
vem se multiplicando. A favela
passou inclusive a abastecer
outros morros do Rio, até de
facções rivais. A Rocinha é dominada pela ADA (Amigo dos
Amigos).
No local, foram apreendidos
50 quilos de pasta de cocaína.
Durante a ação policial, também foram encontrados entre
50 e 70 quilos de maconha e um
saco de munição. Oito pessoas
foram detidas.
A instalação da refinaria, na
região da Rocinha conhecida
como Cachopa, é atribuída a
Saulo de Sá Silva, foragido da
Justiça desde 2005.
A polícia estima que, com a
criação do laboratório, os valores arrecadados pela quadrilha
que controla a favela superaram a cifra de R$ 2 milhões
mensais.
A Polícia Federal e a Polícia
Civil do Rio estavam à procura
desse laboratório desde outubro de 2006.
De acordo com a polícia, para
conseguir transformar a pasta
em pó, Sá Silva contratou um
químico, Leonardo Assunção,
28, que foi preso ontem. A partir da pasta-base, ele transformava um quilo de pasta-base
em até quatro quilos de cocaína
com alto grau de pureza.
De acordo com o perito Marcio Coelho, do ICCE (Instituto
de Criminalística Carlos Éboli),
o processo de transformação da
pasta de cocaína em pó é relativamente simples.
Ele explica que a pasta de cocaína vendida para os traficantes vem com várias outras substâncias, entre elas a cocaína. O
processo visa separá-las das
demais.
Empresário do tráfico
Apontado pela polícia como
o responsável pelo laboratório
de refino, Saulo de Sá Silva, 34,
trabalhou dez anos na ECT
(Empresa de Correios e Telégrafos), até ser preso por tráfico, em 2005, quando foi pego
com drogas na moto com a qual
entregava correspondências.
Em dezembro do mesmo
ano, ele fugiu da carceragem da
Polinter do Grajaú, zona norte
do Rio, e voltou para a Rocinha.
Ainda está foragido.
Na Rocinha, Sá Silva mudou
a forma de comercializar a cocaína: em vez de pagar R$ 10
mil pelo quilo da droga já embalada, passou a dar R$ 12 mil
pelo quilo da pasta-base e criou
o laboratório.
Segundo a polícia, Sá Silva
age como um "empresário independente". Vende cocaína
para quem tiver dinheiro. Ele
também é apontado pela PF como um dos principais fornecedores de armas e munições do
Rio de Janeiro.
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