São Paulo, sexta-feira, 31 de agosto de 2007

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Polícia encontra refinaria de cocaína em favela do Rio

Laboratório tinha capacidade para refinar até 750 quilos da droga por mês e rendia aos traficantes R$ 2 milhões, diz a polícia

Instalação do laboratório é atribuída ao traficante Saulo de Sá Silva, que está foragido da Justiça; oito pessoas foram detidas

MÁRCIA BRASIL
DA SUCURSAL DO RIO

A polícia do Rio de Janeiro localizou ontem no alto da Rocinha, na zona sul da cidade, o primeiro laboratório de refino de cocaína em uma favela dominada pelo tráfico. Segundo os policiais, trata-se da refinaria com maior capacidade de produção de droga encontrado no país, capaz de refinar até 750 quilos por mês.
Com a produção própria a partir de pasta-base de cocaína, contrabandeada da Bolívia, o lucro com o tráfico na Rocinha vem se multiplicando. A favela passou inclusive a abastecer outros morros do Rio, até de facções rivais. A Rocinha é dominada pela ADA (Amigo dos Amigos).
No local, foram apreendidos 50 quilos de pasta de cocaína. Durante a ação policial, também foram encontrados entre 50 e 70 quilos de maconha e um saco de munição. Oito pessoas foram detidas.
A instalação da refinaria, na região da Rocinha conhecida como Cachopa, é atribuída a Saulo de Sá Silva, foragido da Justiça desde 2005.
A polícia estima que, com a criação do laboratório, os valores arrecadados pela quadrilha que controla a favela superaram a cifra de R$ 2 milhões mensais.
A Polícia Federal e a Polícia Civil do Rio estavam à procura desse laboratório desde outubro de 2006.
De acordo com a polícia, para conseguir transformar a pasta em pó, Sá Silva contratou um químico, Leonardo Assunção, 28, que foi preso ontem. A partir da pasta-base, ele transformava um quilo de pasta-base em até quatro quilos de cocaína com alto grau de pureza.
De acordo com o perito Marcio Coelho, do ICCE (Instituto de Criminalística Carlos Éboli), o processo de transformação da pasta de cocaína em pó é relativamente simples.
Ele explica que a pasta de cocaína vendida para os traficantes vem com várias outras substâncias, entre elas a cocaína. O processo visa separá-las das demais.

Empresário do tráfico
Apontado pela polícia como o responsável pelo laboratório de refino, Saulo de Sá Silva, 34, trabalhou dez anos na ECT (Empresa de Correios e Telégrafos), até ser preso por tráfico, em 2005, quando foi pego com drogas na moto com a qual entregava correspondências.
Em dezembro do mesmo ano, ele fugiu da carceragem da Polinter do Grajaú, zona norte do Rio, e voltou para a Rocinha. Ainda está foragido.
Na Rocinha, Sá Silva mudou a forma de comercializar a cocaína: em vez de pagar R$ 10 mil pelo quilo da droga já embalada, passou a dar R$ 12 mil pelo quilo da pasta-base e criou o laboratório.
Segundo a polícia, Sá Silva age como um "empresário independente". Vende cocaína para quem tiver dinheiro. Ele também é apontado pela PF como um dos principais fornecedores de armas e munições do Rio de Janeiro.

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