|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ROBERTO MAGALHÃES SUÑE (1921-2008)
Magnata gaúcho dos cavalos crioulos
WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Há na fronteira brasileira
com o Uruguai, lá em Aceguá
(RS), quase Bagé, uma estância de verdes pastos e uma
casa recheada de luxos: quadros de Di Cavalcanti, porcelanas inglesas em forma de
cuias de chimarrão e centenas de estribos de prata. Um
tesouro -mas tão menor que
as verdadeiras jóias negras,
de crinas escovadas, a comer
e dormir em suas baias de luxo, que era da cabanha dos
cavalos crioulos que o dono
de fato se orgulhava; e mais
enquanto viveu Brazão do
Junco, o grande campeão.
"Apesar de pecuarista, ele
tinha um "savoir faire'", diz o
colunista social e habitué da
Estância Peñarol, cujas minúcias de riqueza descrevia
em textos sobre a elite local.
Não que Roberto Suñe fosse provinciano. "Nos anos 80
ia a São Paulo comprar obras
na Bienal", diz. "E conhecia
tudo de Ásia e Europa", diz a
filha, que ele reconheceu há
poucos anos. "Homem perfeito da sociedade, caía mal
não aceitar", diz. E já tinha
idade demais para andar sozinho na estância e na vida.
Estância que herdou do
pai, rico pecuarista de Bagé.
Manteve-a no auge por décadas. "Mas, como todo milionário, era excêntrico", diz a
filha. "Amava ficar sozinho,
viajar. E amava os cavalos."
Neles gastava seu dinheiro.
"Os competidores chiavam por ele ter os bois mais
gordos, os melhores cavalos.
Tão rico, não tinha mais o
que ganhar." Morreu domingo, de insuficiência renal, aos
87. Mas deixou a fama: era o
"magnata do cavalo crioulo".
obituario@folhasp.com.br
Texto Anterior: Mortes Próximo Texto: Saúde / Ciência: Estudo de genes em crianças busca melhorar tratamentos Índice
|