São Paulo, quarta-feira, 31 de agosto de 2011

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Professor de direito ameaça prender aluna

Procurador de Justiça, ele diz que a jovem passou dos limites em discussão; ela reclama de abuso de autoridade

Confusão ganha destaque na internet após irmão de professor acusar garota de ter usado termos racistas

PATRÍCIA GOMES
DE SÃO PAULO

Uma discussão entre uma aluna e um professor de direito do Mackenzie ultrapassou os corredores da faculdade e foi parar nas redes sociais, levantando o debate sobre racismo e abuso de autoridade.
Tudo começou na noite de sexta-feira, quando uma estudante do quinto período resolveu abordar seu professor, o procurador Paulo Marco Ferreira Lima, para questionar seu método de ensino.
A abordagem evoluiu para uma discussão. Lima fechou a porta da sala onde daria aula diante da aluna, que tentou forçá-la. O impasse na porta acirrou os ânimos e os seguranças foram chamados.
Segundo a aluna, que não quer ser identificada, o professor, evocando sua autoridade, ameaçou prendê-la.
"Ele me disse: 'Nesse momento eu me dirijo a você não como professor, mas como procurador de Justiça. Se você não parar de se dirigir a mim ou ao segurança, vou te dar voz de prisão"', relata.
Lima não nega ter ameaçado prendê-la, mas diz que foi obrigado porque "ela passou de todos os limites".
"Ela me ofendeu muito mais do que poderia. Nunca houve voz de prisão, só houve a intenção de fazê-la parar com as agressões", conta. Para Lima, a ameaça de prisão não configura abuso de autoridade, já que a jovem não chegou a ser presa. "Afirmar que foi abuso de autoridade é um crime de calúnia."
No domingo, o centro acadêmico lançou pelo Facebook uma nota de repúdio à atitude do professor. Em resposta, Marco Lima, que é irmão do professor e também procurador e professor do Mackenzie, saiu em defesa de Lima lembrando sua afrodescendência e acusou a aluna de racismo.
Em sua página, o irmão do professor diz que a moça chamou Lima de "negro sujo", afirmando "preto não pode dar aula no Mackenzie". A aluna, que é bolsista do ProUni (programa do governo que dá bolsa de estudo a alunos carentes), nega que tenha usado expressões racistas. "Eu nunca faria uma coisa que pudesse me fazer perder a bolsa [integral]."
Lima não quis falar sobre os comentários do irmão. "Não vou transformar o ocorrido numa questão racial." Procurada, a universidade disse que apura o caso.


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