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SAÚDE
Modelo cumpre função estética, mas tem indicação específica e só deve ser usado após análise da causa do problema
Aparelho "invisível" corrige boca de adulto
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
A executiva Janaina Dias Mokdeci, 31, passou quase metade da
vida às voltas com tratamentos
para corrigir a arcada dentária.
Entre a infância e a adolescência,
usou aparelho ortodôntico três
vezes (em média quatro anos cada), mas, ainda assim, chegou aos
30 com os dentes tortos.
Há um ano, soube que poderia
corrigi-los com um aparelho invisível, instalado no lado interno
nos dentes. "Foi a solução. Se tivesse que colocar pela quarta vez
aquela coisa horrorosa [o aparelho ortodôntico convencional] na
minha boca, preferiria ficar com
os dentes tortos", diz.
Mokdeci representa um público
cada vez mais freqüente nos consultórios dentários: adultos que
passaram por vários tratamentos
ortodônticos fracassados (em alguns locais eles representam 50%
da clientela) e que não agüentam
mais os "sorrisos blindados"
-como são chamados os aparelhos fixos metálicos.
Há no mercado pelo menos três
modelos (cerâmico, lingual e o de
plástico, chamado "Invisalign")
que cumprem essa função estética, mas têm indicações específicas
e só devem ser usados após uma
ampla análise da causa do problema. O uso incorreto pode ser prejudicial (leia texto abaixo).
O modelo cerâmico tem a mesma função do aparelho tradicional, com a diferença de que os
braquetes (placas) de metal são
substituídos por cerâmica, material mais parecido com a cor dos
dentes. "Ele é muito bem aceito
por adolescentes. Tem alguns que
dizem aos pais que só vão usar
aparelho se for de porcelana", diz
a ortodontista Vivian Gaspar.
A cirurgiã-dentista Nerly Juliano alerta para os modelos falsos
que existem no mercado. "Tem
gente que usa resina em vez de
porcelana. Esse material, com o
tempo, vai amarelando", afirma.
O aparelho lingual, cuja tecnologia foi desenvolvida por técnicos da Nasa, tem os braquetes de
metal montados no lado interno
dos dentes. Segundo Vivian, é o
aparelho preferido por executivos, artistas e atletas. "Há pacientes que demoraram anos para
corrigir os dentes porque não
queriam parecer adolescentes nos
compromissos de trabalho."
Na opinião do cirurgião-dentista Kurt Faltin Júnior, presidente
da Sociedade Brasileira de Ortodontia e Ortopedia Facial, o aparelho lingual apresenta mais dificuldades técnicas -colagem dos
braquetes atrás dos dentes e o
controle total dos movimentos
dentários- e há mais queixas dos
clientes.
"No início, muitos ferem a língua e têm dificuldades para falar e
deglutir. Tenho pacientes que pediram para tirar [o aparelho] porque não agüentaram", afirma. Para ele, o aparelho instalado na
frente dos dentes é mais eficaz.
Na avaliação do ortodontista José Carlos Gaspar, presidente da
Sociedade Iberoamericana de Ortodontia no Brasil, a técnica lingual evoluiu bastante nos últimos
anos, com braquetes mais arredondados, que não machucam a
boca do paciente. Segundo ele,
seus pacientes quase não reclamam de dor, já que a força feita
pelos arcos é pequena e contínua.
Já o modelo em acetato (plástico), segundo os especialistas, só é
indicado para pequenos movimentos dentários, por exemplo,
pacientes que tenham dentes
afastados ou um pouco tortos. Os
aparelhos custam entre US$ 2.500
e US$ 5.000 e são feitos nos EUA a
partir de imagens computadorizadas da arcada do paciente.
Um tratamento completo pode
exigir a confecção de até 50 unidades, que são trocadas a cada duas
semanas ou de acordo com o plano do ortodontista. Segundo Gaspar, há muitos profissionais usando aparelhos "piratas", que não
têm garantia de sucesso.
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