São Paulo, terça-feira, 31 de outubro de 2006

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Empresário é suspeito de lavar dinheiro

Polícia Federal investiga se Zarzur Junior desviou verbas para uso próprio ou para pagar propinas em São Sebastião

O acusado, que atuou na campanha do prefeito Juan Pons Garcia e para o grupo português Riviera, teve papéis apreendidos


JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL

Com base em documentos apreendidos na operação Monte Éden, a Polícia Federal abriu inquérito por suspeita de lavagem de dinheiro contra o empresário Andelmo Zarzur Junior, que participou da campanha eleitoral do prefeito de São Sebastião, Juan Pons Garcia (PPS), para a qual doou R$ 40 mil.
Os documentos, como contratos e procurações, estavam em um escritório de advocacia do Rio de Janeiro onde a PF realizou buscas no ano passado. Depois da análise, os documentos foram enviados para São Paulo, onde foram analisados pelos federais.
Os papéis indicam que Zarzur Junior planejava esconder bens e recursos de origem supostamente ilegal. O inquérito está sob segredo de Justiça.
A Folha vem tentando falar com o empresário desde a semana passada. Telefonou para dois celulares usados por ele e deixou recados na casa de parentes, sem sucesso.
O empresário passou a exibir sinais de riqueza após ser contratado pelo grupo português Riviera, controlado pelo empresário Emidio Mendes, para adquirir cerca de R$ 70 milhões em áreas no litoral paulista, incluindo São Sebastião e Caraguatatuba.
No entanto, segundo suspeita a Polícia Federal, parte do dinheiro não foi usada na compra de terras. Teria sido gasta em casas, carros importados e lanchas.
Há duas hipóteses levantadas pela PF: ou Zarzur Junior desviou dinheiro repassado pelo Riviera para ele próprio ou usaria o suposto esquema para pagar propina a políticos que dessem vantagens ao grupo.

Inquérito
O Ministério Público abriu inquérito na semana passada para investigar se Garcia tentou mudar o Plano Diretor da cidade para permitir a construção de prédios mais altos em áreas compradas pelo Riviera.
Zarzur Junior passou a trabalhar com o Riviera após estar com Garcia na sede do grupo, em Portugal, logo após a eleição do prefeito, em outubro de 2004. Mendes não revela por que contratou o empresário e o autorizou a movimentar cerca de R$ 70 milhões sem ao menos conhecê-lo antes.
Zarzur Junior foi afastado da empresa em outubro do ano passado após uma auditoria interna apontar que ele não conseguira comprovar como havia aplicado entre R$ 25 milhões e R$ 30 milhões do Riviera.
No ano passado, graças às investigações da PF, o Ministério Público Federal ofereceu denúncia contra advogados, contadores e o chefe do escritório onde estavam papéis atribuídos a Zarzur Junior.
Segundo o Ministério Público Federal, o escritório mantinha um esquema para ocultar os verdadeiros donos de patrimônios, que eram registrados em empresas de fachada ou ""laranjas". A denúncia foi acatada pela Justiça.

Petrobras
Em Caraguatatuba, Zarzur adquiriu em 2005 áreas que depois foram oferecidas à Petrobras, que buscava terrenos para construir uma base de gás na cidade. Em 26 de julho deste ano, o Riviera ofereceu à Petrobras áreas de mais de 1,5 milhão de m2, a R$ 35 o m2.
Porém, por alguma razão ainda desconhecida, o negócio não prosperou. A estatal acabou adquirindo outra área, mas não revela o valor que pagou pelo terreno, de 1 milhão de m2.


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