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Empresário é suspeito de lavar dinheiro
Polícia Federal investiga se Zarzur Junior desviou verbas para uso próprio ou para pagar propinas em São Sebastião
O acusado, que atuou na campanha do prefeito
Juan Pons Garcia e para o grupo português Riviera, teve papéis apreendidos
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL
Com base em documentos
apreendidos na operação Monte Éden, a Polícia Federal abriu
inquérito por suspeita de lavagem de dinheiro contra o empresário Andelmo Zarzur
Junior, que participou da campanha eleitoral do prefeito de
São Sebastião, Juan Pons Garcia (PPS), para a qual doou
R$ 40 mil.
Os documentos, como contratos e procurações, estavam
em um escritório de advocacia
do Rio de Janeiro onde a PF
realizou buscas no ano passado.
Depois da análise, os documentos foram enviados para São
Paulo, onde foram analisados
pelos federais.
Os papéis indicam que Zarzur Junior planejava esconder
bens e recursos de origem supostamente ilegal. O inquérito
está sob segredo de Justiça.
A Folha vem tentando falar
com o empresário desde a semana passada. Telefonou para
dois celulares usados por ele e
deixou recados na casa de parentes, sem sucesso.
O empresário passou a exibir
sinais de riqueza após ser contratado pelo grupo português
Riviera, controlado pelo empresário Emidio Mendes, para
adquirir cerca de R$ 70 milhões em áreas no litoral paulista, incluindo São Sebastião e
Caraguatatuba.
No entanto, segundo suspeita a Polícia Federal, parte do
dinheiro não foi usada na compra de terras. Teria sido gasta
em casas, carros importados e
lanchas.
Há duas hipóteses levantadas pela PF: ou Zarzur Junior
desviou dinheiro repassado pelo Riviera para ele próprio ou
usaria o suposto esquema para
pagar propina a políticos que
dessem vantagens ao grupo.
Inquérito
O Ministério Público abriu
inquérito na semana passada
para investigar se Garcia tentou mudar o Plano Diretor da
cidade para permitir a construção de prédios mais altos em
áreas compradas pelo Riviera.
Zarzur Junior passou a trabalhar com o Riviera após estar
com Garcia na sede do grupo,
em Portugal, logo após a eleição
do prefeito, em outubro de
2004. Mendes não revela por
que contratou o empresário e o
autorizou a movimentar cerca
de R$ 70 milhões sem ao menos
conhecê-lo antes.
Zarzur Junior foi afastado da
empresa em outubro do ano
passado após uma auditoria interna apontar que ele não conseguira comprovar como havia
aplicado entre R$ 25 milhões e
R$ 30 milhões do Riviera.
No ano passado, graças às investigações da PF, o Ministério
Público Federal ofereceu denúncia contra advogados, contadores e o chefe do escritório
onde estavam papéis atribuídos a Zarzur Junior.
Segundo o Ministério Público Federal, o escritório mantinha um esquema para ocultar
os verdadeiros donos de patrimônios, que eram registrados
em empresas de fachada ou ""laranjas". A denúncia foi acatada
pela Justiça.
Petrobras
Em Caraguatatuba, Zarzur
adquiriu em 2005 áreas que depois foram oferecidas à Petrobras, que buscava terrenos para
construir uma base de gás na cidade. Em 26 de julho deste ano,
o Riviera ofereceu à Petrobras
áreas de mais de 1,5 milhão de
m2, a R$ 35 o m2.
Porém, por alguma razão
ainda desconhecida, o negócio
não prosperou. A estatal acabou adquirindo outra área, mas
não revela o valor que pagou
pelo terreno, de 1 milhão de m2.
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