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"Morto" em livro, cantor processa o Piauí
Roberto Müller, 70, pede indenização ao Estado por obra didática que diz que ele "faleceu ainda jovem"
JOSÉ EDUARDO RONDON
DA AGÊNCIA FOLHA
"Você não morreu?" Foi ao
atender ligações de conhecidos
com a inusitada pergunta que
um cantor popular do Piauí,
com 50 anos de carreira e que
teve projeção nacional na década de 1960, ficou sabendo que
havia "morrido". Ao menos é o
que dizia um livro didático adotado pela Secretaria da Educação do Estado.
O caso foi parar na Justiça,
com um ação indenizatória por
danos morais, psíquicos e materiais contra o governo do
Piauí movida pelo cantor Roberto Müller, 70.
"Ainda em 1963, Roberto
Müller, um piauiense de Piracuruca, tornou-se sucesso nacional com a música "Entre espumas". Faleceu ainda jovem e é lembrado com carinho pela
sua contribuição", diz trecho
do livro, usado em 2004 por
alunos da rede estadual.
A "informação" em "Educação Sem Fronteiras", na página
14, que trata do tema Arte.
"Vivíssimo", Müller, que tem
dez filhos, disse à Folha ter ficado sabendo que estava "morto" ao começar a divulgação de
um show em setembro em Teresina.
Na ação, que não estipula um
valor para a indenização, o cantor "requer, pasmem, o reconhecimento perante o Estado
do Piauí, sua terra natal, de que
se encontra vivo".
Müller, que conta já ter dividido o palco com nomes como
Angela Maria e Cauby Peixoto,
disse ter se sentido "humilhado" ao saber de sua "morte".
Afirmou que o erro é "motivo
de chacotas, piadas, brincadeiras de mau gosto". A ação indenizatória, que diz que o livro
continua em circulação, pede o
seu recolhimento.
A divulgação na obra da falsa
morte do cantor remete ainda a
um verso da música citada:
"Como em sonho, minha vida
se acabou".
Errata
A Secretaria da Educação do
Piauí, por meio de nota, informou que "assim que tomou conhecimento do fato reuniu os
autores da obra [dois professores do Estado] para tomarem as
devidas providências e corrigir
o erro". "Foi redigida uma errata", segundo o texto.
Ainda de acordo com a nota,
uma das professoras que participaram da elaboração do livro
pediu desculpas e prestou os
devidos esclarecimentos pessoalmente ao cantor. Müller
negou que tenha recebido pedido de desculpas pessoalmente.
Cerca de 10 mil livros foram
distribuídos, conforme a pasta,
que diz que eles fazem parte de
uma coleção adotada em programa de educação de jovens e
adultos e tem seu conteúdo regionalizado. O órgão diz que o
livro não é mais utilizado.
A secretaria informa que ainda não foi notificada oficialmente da ação.
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