São Paulo, sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SUS e INSS gastam R$ 37 mi por ano com fumo passivo

Infarto e angina, doenças ligadas ao fumo involuntário, custam R$ 12,2 mi ao SUS

Estimativas do Inca partem de um estudo anterior, que aponta que o equivalente a sete fumantes passivos morreram por dia em 2003

DENISE MENCHEN
DA SUCURSAL DO RIO

Considerado a terceira maior causa de mortes evitáveis do mundo, o tabagismo passivo custa aos cofres públicos pelo menos R$ 37,4 milhões anuais. Desses, R$ 19,1 milhões são gastos com tratamentos e internações no SUS (Sistema Único de Saúde) e R$ 18,3 milhões com o pagamento de benefícios e pensões às famílias das vítimas.
As estimativas, divulgadas ontem pelo Inca (Instituto Nacional de Câncer), tomam como base um estudo anterior que apontava que 2.655 fumantes passivos (moradores de centros urbanos, com mais de 35 anos, que nunca fumaram e moram com pelo menos um fumante) morreram no país em 2003 pelos principais problemas relacionados com a exposição involuntária à fumaça: câncer de pulmão, doenças isquêmicas do coração (como infarto e angina) e acidentes vasculares cerebrais. Isso equivale a sete óbitos por dia.
Apesar de os dados não serem recentes, o Inca avalia que os números não mudam muito de ano para ano e calculou o impacto anual do fumo passivo no orçamento nacional.
Conduzido pelo pneumologista e sanitarista Alberto José de Araújo, do Nett (Núcleo de Estudos e Tratamento do Tabagismo), da UFRJ, o novo estudo revelou que as doenças isquêmicas do coração são as mais dispendiosas. Responsáveis pela morte de 1.224 não-fumantes, elas consomem R$ 12,2 milhões do SUS e R$ 8,4 milhões do INSS.
Em seguida vêm os acidentes vasculares cerebrais, aos quais são atribuídas 1.359 mortes por ano. O custo destas mortes é de R$ 6,65 milhões para o SUS e de R$ 9,35 milhões para o INSS. No caso das 72 mortes por câncer de pulmão, os custos foram de R$ 302 mil e R$ 500 mil, respectivamente.
Para Araújo, os óbitos e custos elevados mostram que "parar de fumar é uma atitude de responsabilidade social". A chefe da Divisão de Controle do Tabagismo do Inca, Tânia Cavalcante, diz esperar que os números alertem para a necessidade de leis mais rígidas contra o fumo em ambientes fechados.
Segundo ela, a proibição do cigarro em bares e restaurantes pode trazer mais conscientização para as pessoas sobre o risco de se fumar dentro de casa.
O estudo divulgado ontem usa como base o número de mortes atribuíveis ao tabagismo passivo em 2003, divulgado pelo Inca em agosto passado.
Para calcular o custo do tratamento, Araújo utilizou dados da tabela de repasses do SUS e de um painel de especialistas, que apontou as características do tratamento de cada uma das doenças analisadas. A equação criada leva em conta a média de dias de internação, a probabilidade de intervenção cirúrgica e a necessidade de medicação, entre outros.


Texto Anterior: Estado cria prova obrigatória para professor temporário
Próximo Texto: Entrevista: "Eu me sinto injustiçada", diz não-fumante
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.