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SUS e INSS gastam R$ 37 mi por ano com fumo passivo
Infarto e angina, doenças ligadas ao fumo involuntário, custam R$ 12,2 mi ao SUS
Estimativas do Inca partem de um estudo anterior, que aponta que o equivalente a sete fumantes passivos morreram por dia em 2003
DENISE MENCHEN
DA SUCURSAL DO RIO
Considerado a terceira maior
causa de mortes evitáveis do
mundo, o tabagismo passivo
custa aos cofres públicos pelo
menos R$ 37,4 milhões anuais.
Desses, R$ 19,1 milhões são gastos com tratamentos e internações no SUS (Sistema Único de
Saúde) e R$ 18,3 milhões com o
pagamento de benefícios e pensões às famílias das vítimas.
As estimativas, divulgadas
ontem pelo Inca (Instituto Nacional de Câncer), tomam como base um estudo anterior
que apontava que 2.655 fumantes passivos (moradores de
centros urbanos, com mais de
35 anos, que nunca fumaram e
moram com pelo menos um fumante) morreram no país em
2003 pelos principais problemas relacionados com a exposição involuntária à fumaça: câncer de pulmão, doenças isquêmicas do coração (como infarto
e angina) e acidentes vasculares cerebrais. Isso equivale a
sete óbitos por dia.
Apesar de os dados não serem recentes, o Inca avalia que
os números não mudam muito
de ano para ano e calculou o impacto anual do fumo passivo no
orçamento nacional.
Conduzido pelo pneumologista e sanitarista Alberto José
de Araújo, do Nett (Núcleo de
Estudos e Tratamento do Tabagismo), da UFRJ, o novo estudo revelou que as doenças isquêmicas do coração são as
mais dispendiosas. Responsáveis pela morte de 1.224 não-fumantes, elas consomem
R$ 12,2 milhões do SUS e R$ 8,4
milhões do INSS.
Em seguida vêm os acidentes
vasculares cerebrais, aos quais
são atribuídas 1.359 mortes por
ano. O custo destas mortes é de
R$ 6,65 milhões para o SUS e de
R$ 9,35 milhões para o INSS.
No caso das 72 mortes por câncer de pulmão, os custos foram
de R$ 302 mil e R$ 500 mil, respectivamente.
Para Araújo, os óbitos e custos elevados mostram que "parar de fumar é uma atitude de
responsabilidade social". A
chefe da Divisão de Controle do
Tabagismo do Inca, Tânia Cavalcante, diz esperar que os números alertem para a necessidade de leis mais rígidas contra
o fumo em ambientes fechados.
Segundo ela, a proibição do
cigarro em bares e restaurantes
pode trazer mais conscientização para as pessoas sobre o risco de se fumar dentro de casa.
O estudo divulgado ontem
usa como base o número de
mortes atribuíveis ao tabagismo passivo em 2003, divulgado
pelo Inca em agosto passado.
Para calcular o custo do tratamento, Araújo utilizou dados
da tabela de repasses do SUS e
de um painel de especialistas,
que apontou as características
do tratamento de cada uma das
doenças analisadas. A equação
criada leva em conta a média de
dias de internação, a probabilidade de intervenção cirúrgica e
a necessidade de medicação,
entre outros.
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