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outro lado
"Eles são vítimas de represálias", diz advogado
DA REPORTAGEM LOCAL
O advogado José Miguel
Silva Junior, defensor do sargento Moisés Alves Santos,
do cabo Joaquim Aleixo Neto e dos soldados Anderson
dos Santos Sales e Rodolfo da
Silva Vieira, todos do 37º Batalhão, disse ontem que seus
clientes "são inocentes" e
"vítimas de represálias por
parte de traficantes da zona
sul de São Paulo".
Segundo o advogado, os
PMs nunca abordaram Antonio Carlos Silva Alves, 31, e
não tiveram qualquer tipo de
participação no desaparecimento e na morte dele.
"Eles não abordaram [Alves], eles apenas fizeram patrulhamento de rotina na região, que é um local perigoso.
Há meses, ocorreram prisões
em flagrante por tráfico de
entorpecentes naquela redondeza. Os PMs estão ali
para combater o crime e, naquele dia [8 de outubro], eles
não abordaram nem colocaram nenhum civil no carro",
disse.
Questionado sobre o motivo que levou a testemunha
da abordagem contra Alves a
informar à Corregedoria da
PM, à Polícia Civil e à Ouvidoria das polícias o número
do carro da PM em que os
quatro PMs investigados estavam em 8 de outubro, Silva
Junior respondeu: "Isso aí é
uma represália pelo trabalho
que eles têm feito naquela
região perigosa".
Comando-geral da PM
Desde o dia 21 deste mês, a
Folha tenta entrevistar o comandante-geral da PM, o coronel Roberto Antônio Diniz, e o subcomandante-geral, o também coronel Daniel
Barbosa Rodrigueiro, sobre
as investigações contra o
grupo de extermínio supostamente formado por PMs
do 37º Batalhão, mas eles
não se manifestam.
Ontem, em nota oficial, a
PM informou que "os corpos
não foram achados no mesmo local, mas em pontos diferentes da mesma via, na cidade de Itapecerica da Serra"
e que a "Corregedoria da PM
investiga apenas a morte de
Antônio Carlos da Silva Alves, que foi a quarta vítima
dessa seqüência [de cinco decapitados achados em Itapecerica neste ano]".
"No dia 9 de outubro, uma
pessoa [cujo nome a PM revelou, mas a Folha preserva]
realizou uma denúncia, via
telefone, na Corregedoria da
PM, alegando que recebera
informações de outrem,
dando conta de que Alves,
deficiente mental, havia sido
levado por um carro da Força Tática, fornecendo as placas, o que possibilitou a
identificação do carro e da
equipe", informou a nota.
A PM também afirma que,
"até o momento, não há elementos informativos que
permitam colocar qualquer
policial sob suspeita, pois,
além da inexistência de testemunhas presenciais da suposta abordagem, a própria
indicação do prefixo do carro
não é confiável".
(AC)
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