São Paulo, sexta-feira, 31 de outubro de 2008

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outro lado

"Eles são vítimas de represálias", diz advogado

DA REPORTAGEM LOCAL

O advogado José Miguel Silva Junior, defensor do sargento Moisés Alves Santos, do cabo Joaquim Aleixo Neto e dos soldados Anderson dos Santos Sales e Rodolfo da Silva Vieira, todos do 37º Batalhão, disse ontem que seus clientes "são inocentes" e "vítimas de represálias por parte de traficantes da zona sul de São Paulo".
Segundo o advogado, os PMs nunca abordaram Antonio Carlos Silva Alves, 31, e não tiveram qualquer tipo de participação no desaparecimento e na morte dele.
"Eles não abordaram [Alves], eles apenas fizeram patrulhamento de rotina na região, que é um local perigoso. Há meses, ocorreram prisões em flagrante por tráfico de entorpecentes naquela redondeza. Os PMs estão ali para combater o crime e, naquele dia [8 de outubro], eles não abordaram nem colocaram nenhum civil no carro", disse.
Questionado sobre o motivo que levou a testemunha da abordagem contra Alves a informar à Corregedoria da PM, à Polícia Civil e à Ouvidoria das polícias o número do carro da PM em que os quatro PMs investigados estavam em 8 de outubro, Silva Junior respondeu: "Isso aí é uma represália pelo trabalho que eles têm feito naquela região perigosa".

Comando-geral da PM
Desde o dia 21 deste mês, a Folha tenta entrevistar o comandante-geral da PM, o coronel Roberto Antônio Diniz, e o subcomandante-geral, o também coronel Daniel Barbosa Rodrigueiro, sobre as investigações contra o grupo de extermínio supostamente formado por PMs do 37º Batalhão, mas eles não se manifestam.
Ontem, em nota oficial, a PM informou que "os corpos não foram achados no mesmo local, mas em pontos diferentes da mesma via, na cidade de Itapecerica da Serra" e que a "Corregedoria da PM investiga apenas a morte de Antônio Carlos da Silva Alves, que foi a quarta vítima dessa seqüência [de cinco decapitados achados em Itapecerica neste ano]".
"No dia 9 de outubro, uma pessoa [cujo nome a PM revelou, mas a Folha preserva] realizou uma denúncia, via telefone, na Corregedoria da PM, alegando que recebera informações de outrem, dando conta de que Alves, deficiente mental, havia sido levado por um carro da Força Tática, fornecendo as placas, o que possibilitou a identificação do carro e da equipe", informou a nota.
A PM também afirma que, "até o momento, não há elementos informativos que permitam colocar qualquer policial sob suspeita, pois, além da inexistência de testemunhas presenciais da suposta abordagem, a própria indicação do prefixo do carro não é confiável". (AC)



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