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Acusados de fraude na saúde em cinco Estados são presos
Segundo a polícia, eles forneciam produtos como soro e cateteres e fraudavam até pregões
Cinco pessoas foram presas; no Estado de SP, eles teriam fechado contratos no valor de R$ 56 milhões; grupo também atuava em RJ, MG, GO e MS
DA REPORTAGEM LOCAL
A Polícia de São Paulo prendeu ontem cinco pessoas acusadas de participar de esquema
de fraudes em licitações públicas para fornecimento de produtos farmacêuticos e material
médico-hospitalar em municípios de pelo menos cinco Estados: SP, MG, RJ, GO e MS. Entre os produtos estão soro fisiológico e cateteres.
A quadrilha teria conseguido,
segundo a polícia, fraudar até
licitações do pregão eletrônico
do governo paulista, sistema
implantado para reduzir as
chances de corrupção e utilizado em 80% das compras feitas
pelo Estado de São Paulo.
Entre as vítimas da quadrilha
estão, segundo a polícia, pelo
menos dez hospitais -um deles
é o HC de São Paulo.
Além das fraudes, o grupo será investigado por sonegação
fiscal, lavagem de dinheiro e
uso de offshores para remessa
ilegal de dinheiro ao exterior.
A polícia também apreendeu,
com autorização da Justiça, documentos e bens da suposta
quadrilha -entre iates, helicópteros e carros importados-
avaliados em cerca de R$ 7 milhões. As contas bancárias dos
suspeitos e das empresas citadas foram bloqueadas.
A polícia não permitiu à Folha ter acesso aos investigados.
Eles ficarão presos cinco dias
por ordem do juiz Vinicius de
Toledo Piza Peluso.
De acordo com a polícia, a
quadrilha atuava havia pelo
menos dois anos e o prejuízo
provocado aos cofres públicos
pode ultrapassar R$ 100 milhões nesse período.
O delegado Luis Castilho
Storni, responsável pela investigação, disse que o valor é, porém, uma "estimativa". Ele não
soube informar a fórmula para
chegar a esse valor estimado.
No Estado de São Paulo, o
grupo teria fechado contratos
no valor de R$ 56 milhões, mas,
segundo o delegado, ainda não
se sabe em quantas dessas compras houve fraude.
Além de fraudar as licitações,
sempre com a participação de
funcionários públicos (municipais e estaduais), o grupo é suspeito de entregar apenas parte
da mercadoria e, ainda, em outros casos, de entregar produtos de qualidade inferior.
Segundo a polícia, a próxima
etapa agora da investigação é
identificar os funcionários públicos envolvidos.
Fraudes
De acordo com a polícia, a
quadrilha era formada por dois
grandes grupos, liderados por
Dirceu Gonçalves Ferreira, de
um lado, e Renato Pereira Júnior, do outro. Eles comandariam juntos pelo menos dez
empresas, algumas delas por
meio de "laranjas".
Pelo lado de Ferreira, a polícia cita dois operadores do suposto esquema: Carlos Alberto
do Amaral, o "Papito", e Vanessa Fávero. Seriam eles os responsáveis por aliciar os pregoeiros e, também, os funcionários dos hospitais públicos
onde ocorreram as fraudes.
Pelo lado de Pereira Júnior, é
citado Marcos Agostinho Paioli
-considerado o principal elo
entre os dois grupos. Em telefonema interceptado com autorização da Justiça, os dois comentam uma licitação em Marília (SP) que pretendem vencer por meio de fraude. "Vamos
mandar essa de Marília que é
melzinho na chupeta", teria dito Paioli ao chefe.
(ANDRÉ CARAMANTE, ROGÉRIO PAGNAN, KLEBER TOMAZ)
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