São Paulo, sábado, 31 de outubro de 2009

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Índios acham sobreviventes de avião da FAB

Eles localizaram nove pessoas que sobreviveram à queda de um monomotor da Aeronáutica, na manhã de quinta-feira

Outros dois ocupantes da aeronave, um militar e um funcionário da Funasa, ainda permaneciam desaparecidos ontem

ALAN GRIPP
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Um grupo de índios da tribo matis localizou nove pessoas que sobreviveram à queda de um monomotor da Força Aérea, na manhã de quinta, na selva amazônica. Outros dois ocupantes do avião, um militar e um funcionário da Funasa (Fundação Nacional de Saúde), estavam desaparecidos.
Os sobreviventes, entre eles uma grávida, foram achados pelos índios, que caçavam às margens do rio Ituí, cerca de 12 horas depois do acidente. Todos passaram a noite na mata fechada, sem comida e sendo atacados por insetos.
Ontem de manhã, os índios foram à aldeia e, por rádio amador, avisaram a administração regional da Funai, que acionou a Aeronáutica.
O piloto do avião tentou um pouso de emergência no rio.
Com o impacto, o técnico da Funasa João de Abreu Filho ficou preso nas ferragens, o que levou a Aeronáutica a divulgar que houve um "possível óbito".
O outro desaparecido é o suboficial Marcelo dos Santos Dias, que, segundo sobreviventes, foi arrastado pela correnteza aparentemente desacordado. Com o auxílio dos índios, a FAB fez buscas por todo o dia na região. A aeronave afundou.
A bordo do Cessna C-98 Caravan estavam quatro militares e sete servidores da Funasa. O avião decolou de Cruzeiro do Sul (AC) às 8h30 e deveria chegar a Tabatinga (AM), na tríplice fronteira -Brasil, Colômbia e Peru-, às 10h15.
Mas, 58 minutos após a decolagem, o Salvaero da Aeronáutica recebeu um sinal de emergência emitido pelo sistema ELT (que envia mensagens de socorro automáticas), provavelmente durante a tentativa de pouso de emergência. O tempo era bom, e por isso especula-se que possa ter ocorrido uma pane do motor.
Em Manaus, a Aeronáutica informou que ainda não sabe as causas do acidente. Para Jorge Cruz de Souza e Mello, comandante do 7º Comar (Comando Aéreo Regional), a perícia do piloto ao realizar o pouso forçado foi determinante para a sobrevivência de nove pessoas.
Em nota, a Funai contou que os índios caçavam na mata quando ouviram um "barulho diferente". Eles passaram a noite no local com os sobreviventes e, ao amanhecer, voltaram à aldeia, de onde passaram ao Comar de Manaus as coordenadas geográficas do local.
O monomotor da FAB transportava para Tabatinga uma equipe da Funasa que, durante 17 dias, participou de uma campanha de vacinação de 3.700 índios de 40 aldeias no Vale do Javari, no Amazonas.
Sete aeronaves da FAB participavam das buscas. Entre elas, um avião R-99, usado no acidente da Air France, com sensor que faz varredura térmica. As buscas cobriram 3.570 km2 de selva fechada.
O Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) já iniciou a investigação. A localização dos destroços, especialmente do motor, e o depoimento dos pilotos -o 1º tenente Carlos Wagner Ottone Veiga e o 2º tenente José Ananias da Silva Pereira- serão fundamentais.
Eles poderão explicar por que não fizeram contato via rádio reportando algum problema. Pouco antes de o sistema ELT emitir o sinal de emergência, a aeronave fez um contato de rotina com o controle aéreo.
Nada de anormal foi relatado pela tripulação.
O comandante do 7º Comar disse que o sinal foi captado por satélites. Mas, segundo ele, não foi possível detalhar as coordenadas "provavelmente porque o avião submergiu e o sinal ficou mais fraco".
O C-98 Caravan é um avião considerado seguro e com histórico reduzido de acidentes. É usado tanto na aviação civil quanto na militar.


Colaborou KÁTIA BRASIL , da Agência Folha


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