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Índios acham sobreviventes de avião da FAB
Eles localizaram nove pessoas que sobreviveram à queda de um monomotor da Aeronáutica, na manhã de quinta-feira
Outros dois ocupantes da aeronave, um militar e um funcionário da Funasa, ainda permaneciam desaparecidos ontem
ALAN GRIPP
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um grupo de índios da tribo
matis localizou nove pessoas
que sobreviveram à queda de
um monomotor da Força Aérea, na manhã de quinta, na selva amazônica. Outros dois ocupantes do avião, um militar e
um funcionário da Funasa
(Fundação Nacional de Saúde),
estavam desaparecidos.
Os sobreviventes, entre eles
uma grávida, foram achados
pelos índios, que caçavam às
margens do rio Ituí, cerca de 12
horas depois do acidente. Todos passaram a noite na mata
fechada, sem comida e sendo
atacados por insetos.
Ontem de manhã, os índios
foram à aldeia e, por rádio amador, avisaram a administração
regional da Funai, que acionou
a Aeronáutica.
O piloto do avião tentou um
pouso de emergência no rio.
Com o impacto, o técnico da
Funasa João de Abreu Filho ficou preso nas ferragens, o que
levou a Aeronáutica a divulgar
que houve um "possível óbito".
O outro desaparecido é o suboficial Marcelo dos Santos
Dias, que, segundo sobreviventes, foi arrastado pela correnteza aparentemente desacordado. Com o auxílio dos índios, a
FAB fez buscas por todo o dia
na região. A aeronave afundou.
A bordo do Cessna C-98 Caravan estavam quatro militares
e sete servidores da Funasa. O
avião decolou de Cruzeiro do
Sul (AC) às 8h30 e deveria chegar a Tabatinga (AM), na tríplice fronteira -Brasil, Colômbia
e Peru-, às 10h15.
Mas, 58 minutos após a decolagem, o Salvaero da Aeronáutica recebeu um sinal de emergência emitido pelo sistema
ELT (que envia mensagens de
socorro automáticas), provavelmente durante a tentativa
de pouso de emergência. O
tempo era bom, e por isso especula-se que possa ter ocorrido
uma pane do motor.
Em Manaus, a Aeronáutica
informou que ainda não sabe as
causas do acidente. Para Jorge
Cruz de Souza e Mello, comandante do 7º Comar (Comando
Aéreo Regional), a perícia do
piloto ao realizar o pouso forçado foi determinante para a sobrevivência de nove pessoas.
Em nota, a Funai contou que
os índios caçavam na mata
quando ouviram um "barulho
diferente". Eles passaram a
noite no local com os sobreviventes e, ao amanhecer, voltaram à aldeia, de onde passaram
ao Comar de Manaus as coordenadas geográficas do local.
O monomotor da FAB transportava para Tabatinga uma
equipe da Funasa que, durante
17 dias, participou de uma campanha de vacinação de 3.700
índios de 40 aldeias no Vale do
Javari, no Amazonas.
Sete aeronaves da FAB participavam das buscas. Entre elas,
um avião R-99, usado no acidente da Air France, com sensor que faz varredura térmica.
As buscas cobriram 3.570 km2
de selva fechada.
O Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) já iniciou a
investigação. A localização dos
destroços, especialmente do
motor, e o depoimento dos pilotos -o 1º tenente Carlos
Wagner Ottone Veiga e o 2º tenente José Ananias da Silva Pereira- serão fundamentais.
Eles poderão explicar por
que não fizeram contato via rádio reportando algum problema. Pouco antes de o sistema
ELT emitir o sinal de emergência, a aeronave fez um contato
de rotina com o controle aéreo.
Nada de anormal foi relatado
pela tripulação.
O comandante do 7º Comar
disse que o sinal foi captado
por satélites. Mas, segundo ele,
não foi possível detalhar as
coordenadas "provavelmente
porque o avião submergiu e o
sinal ficou mais fraco".
O C-98 Caravan é um avião
considerado seguro e com histórico reduzido de acidentes. É
usado tanto na aviação civil
quanto na militar.
Colaborou KÁTIA BRASIL , da Agência Folha
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